domingo, dezembro 27, 2015

Mudanças... Quem não fez?
Mudança. Pode ser o temor de um, ou a felicidade de outro. Ou a tristeza de ambos.
Foi assim que começou: um desejo. Chamado Florianópolis. Conheces? Esse era o desejo de muitos, e a realização de poucos. Mas dependia como sempre de todos nós. IFSC em Florianópolis; sonho de minha mãe. Praia, montanha e surf, de mim e de meu pai. Se realizássemos um desejo apenas por... Desejar, já teria realizado o nosso há muito tempo. Mas, como é a vida, cheia de mudanças E desafios nada se consegue tão facilmente. É assim que ninguém gosta, mas faz o agrado de todos. Faz-nos superar limites e pular barreiras. Realizar sonhos e pensar um pouquinho mais alto. Subir uma escada na qual antes caíamos.
E foi assim que, depois de dois concursos que minha mãe realizou, resolveu fazer o terceiro para tentar realizar seu maior desejo. Morar em Florianópolis. Era uma vaga e mais de duzentos candidatos. Desses duzentos, oito iam para a próxima e apenas um (a) ficava com a vaga. Será que minha mãe ia conseguir? Eu não podia duvidar de uma mestra em Educação e doutora na mesma? Minha mãe é fogo. E eu acreditava nela. Como disse antes, se fosse pela determinação e apoio, minha mãe tinha a vaga nas mãos. E ela não descansou. Estudava até tarde e acordava de madrugada, para estudar mais ainda. Foi para a primeira prova, a Objetiva, e passou com 82.50 de pontuação. Feliz da vida verificou a Discursiva: 85.00. Saltitando de felicidade, encaminhou a prova de Títulos. Essa é a minha doutora! Passou com 92.00! E, depois de trabalho em uma maquete para contar uma história, finalizou com a prova Prática. Fala sério! Dar uma aula?! Minha mãe só não faz isso há vinte anos! Tirou 84.67. Depois de uns dias de sufoco, pensando “será que eu passo?” “Será que eu não passo?”, chegou o dia do resultado final. Nesse dia, eu tinha futsal. Meu pai recebeu uma ligação, mas eu não notei. Estava muito ocupada marcando um de meus três gols daquela partida. Intervalo para tomar água, meu pai disse para tirar o colete que já íamos embora, com coisas para fazer. Dentro do carro, depois de largar uma amiga minha em sua casa, me contou:
_Bianca, a Lili passou.
Eu fiquei meio “quê?”. Não acreditei. Depois de perguntar mais de quinhentas vezes a mesma coisa, soltei um gritinho afobado. Sabes o que significava? Nós íamos para Florianópolis. Nós íamos para a praia. Realizaríamos nosso desejo.
Eu quase não queria ir para Florianópolis só pela mudança. Depois das sete que eu já fiz na vida, enjoei. É que, segundo meus pais, sou uma acumuladora de tranqueiras. São as minhas “coisinhas”, qual é! Mas a mudança tinha de ser feita. Procuramos imóveis. E começamos a encaixotar as coisas. Isso é o que sobrou, porque a maioria das minhas foi colocada no lixo. Mas deixa para lá. O desejo falou mais alto. Caixa de Barbie: encaixotado. Livros e cadernos velhos: encaixotado. Coisas para o cabelo: encaixotado. Mais brinquedos: encaixotado. Sobrou pouca coisa. Nessas horas, temos de ser fortes e coração duro para não chorar por cada coisinha que se perde. Você não pode levar tudo a que se apega. Você reconstrói ou pega novo. Você MUDA. Assim como a vida, certo? E foi assim que começou. E logo irá mudar. Mas não precisa ter medo. Porque a cada vez que tu se mudas ou faz alguma mudança, novas portas abrem-se. Um caminho novo é descoberto. Uma vida nova muda à velha. E acontece com você também. O velho é descartado. O novo tem de ser aceito. Assim como a mudança. Não só de ambiente, lugar ou modo de ser. Mas mudar a vida.

Mudança. Pode ser o temor de um, ou a felicidade de outro. Ou a tristeza de ambos.

domingo, dezembro 13, 2015

Meus "Anjos da Guarda"!

Meus Anjos da Guarda
Eu tinha ganhado uma bola nova. Bola de futebol. Adoro jogar futebol. Já tinha jogado no campo, no ginásio... Mas sempre com meu pai. Cheguei a convidar um amigo meu, mas fora isso só o meu pai. Por uma semana inteirinha, só com o meu pai. Porque minha mãe estava trabalhando e não podia brincar conosco. Mas eu não estava nem aí. Divertindo-me, estava bom. Bom demais.  Acho que, se fosse possível à união de pessoas com objetos, seria comigo e com a bola. Futebol é meu esporte favorito, e eu só jogo com o time segunda-feira e sexta-feira, no ginásio do meu colégio. Mas fora isso é só com meu pai. Até que, finalmente, chega o final de semana, e minha mãe está livre para o que der e vier! De manhã fomos andar de bicicleta, voltando tão suados que, se torcesse a roupa, a água pingaria. Meus pais dormiram, depois de enchermos o estômago com arroz, feijão, ovo e saladas, enquanto eu tentava acabar a continuação de um texto. Eles acordaram por volta das 14h00min, e meu pai avançou na melancia, enquanto eu e minha mãe nos deliciamos com uma boa uva. A proposta foi a seguinte: de jogarmos futebol, juntos. Dei pulinhos de alegria! Era a primeira vez que a mãe jogava com a gente! E fomos para o pavilhão, que já sabíamos que se encontrava fechado. Tinha um campinho de futebol atrás, mas estava cheio de meninos e estava trancado. Não me sinto muito confortável perto de TANTOS meninos... E vimos um pedacinho de grama, livre, onde poderíamos jogar. Tinha uma parede do ginásio, que usaríamos como gol. Só não podia chutar alto. Até que, num dos bicudos de minha mãe, a bola voou mais longe do que deveria. Adivinhou? Foi parar lá em cima. Era muito alto e não tinha como pegar. Briguei com minha mãe, disse que era culpa dela. Eu adorava aquela bola. Não dava para pegar escada. Não tinha. Decidimos esperar até segunda-feira, para pegarmos em segurança. Os meninos nos olharam, e pareceram compreender a situação. O campinho esvaziou-se, e sentamo-nos na sombra para discutir. Até que eles reapareceram. Para minha surpresa, eu mesma não acreditei: eles traziam com eles uma ESCADA! Encaixaram no teto e um corajoso subiu. Minha mãe achou que eles tinham ido pegar a bola deles, mas enganou-se: era a nossa! Depois de reclamar dos passarinhos mortos lá de cima, ele jogou a bola para nós. Ai, que felicidade! E, quando olhamos para um bando de meninos, pensamos que estão desocupados, vadiando, sem nada para fazer que tenha uma real utilidade. E a sensibilidade deles, em notar que alguém necessitava de ajuda, foi o máximo! Nunca pensei que isso aconteceria... Minha mãe disse que merecia um texto, e aqui está! Eles, sim, foram uns verdadeiros “anjos da guarda”. O mundo simplesmente precisa de mais gente como eles, prestativa, atenta e disposta. Mais tarde comentamos:
_Acho que eles já devem ter passado por essa situação!
Situação que só uns “anjos da guarda” podem resolver. Não é mesmo? 

sexta-feira, dezembro 11, 2015

Viagem para a Vovó I
Férias. Nada melhor do que ter férias depois de passar 200 dias sentados numa cadeira, dentro da sala de aula, vendo todo o dia as mesmas caras, mesmos rostos, brincando sempre da mesma coisa (se não era pique esconde, era futsal). FÉRIAS!
Acho que aconteceu depois de eu dormir quando voltei do futsal (eu faço treinos nas segundas e jogos na sexta). Como era rotineira, minha mãe ligou para a minha avó. Estavam mais uma vez discutindo sobre o caso deles nos visitas e vice-versa. Eu falei com ela, e minha avó disse que não podia porque tinha que esperar “baixar a poeira”. E me convidou, fiquei em cima do muro, dizendo que não podia. Disse-me também que o Sérgio, que é irmão da minha mãe, viajaria com sua família para o Beto Carreiro World. De início, eu não dei a mínima importância para esta informação, mas era logo viria a calhar. Minha mãe desligou o celular e começou a travar uma pacífica conversa com meu pai, dizendo que não queira por nada nesse mundo ver seu irmão. Eu, que estava no meu quarto arrumando minhas “tranqueiras”, gritei:
_Mãe! A vó disse que o Sérgio não ia estar, mas não disse nada do Matheus e da Ana!

Decidida que não o veria, talvez minha mãe visse uma chance de ficar com meus avós. E deu certo. Com a vontade do pai, mais a minha vontade de mexerica, minha mãe concordou, contanto que ficássemos um dia. Melhor um do que zero. E fomos. Paramos em Chapecó comprar alguns integrais e seguimos. Comi umas bolachinhas de tomate e umas pastilhas de cranberry e deitei, enrolando e brincando para o tempo passar. Chegando mais adiante de Nonoai, o carro pulava a todo o momento: buracos. Senti-me mal, e eu sabia o que aconteceria, mas não me dava por perdida. Decorrido meia hora, avisei minha mãe: estou com enjoo. Ela me deu uma sacola plástica, e eu verifiquei se estava ou não furada. Enfiei meu rosto na sacola e ali fiquei com o estômago embrulhado. Eu estava fazendo o possível para aquilo não acontecer. Mas mudei de ideia: eu estava sofrendo e, para que o sofrimento cessasse, era preciso que acontecesse. Entreguei a sacola para minha mãe e, instantaneamente pedi de volta. Coloquei minha cabeça e aconteceu. Vomitei. Fiquei com mais nojo ainda de meu vômito e vomitei de novo. E de novo. E novamente. Cessou. Tomei água e me livrei da sensação de estar suja, garganta ardendo. Depois de mais caminhos tortuosos e esburacados, chegamos a Alpestre. A decoração na cidade estava bonitinha, porque todos estavam antecipando-se para o natal. Subindo um grande morro, mais ou menos na metade, chegamos à casa de meus avós. Minha vó estava descendo a ladeira, rumo ao carro que ali se encontrava estacionado. Corri atrás dela e não a achei. Voltei com meus pais e fomos recebidos pelo meu avô. Ele parecia mais animado do que o Antônio que morava com meus tios. Abracei-o e vi minha vó. Corri e fiz o mesmo com minha vó. Eu a adoro. Muito querida. Perguntei o que ela foi fazer, e para minha surpresa ela comprou milho! Eu adoroooooo milho! Entramos na casa e, depois de muitos cumprimentos e recepções, como sempre, deram-me meu presente. Ganhei a aposta que fiz com minha mãe: ela achava que a vó ia dar-me roupa, e eu achava que era brinquedo, provavelmente uma Barbie. E acertei. Apesar de ser uma das Barbie falsificada, o que vale é o carinho e a intenção. Guardei-a com carinho e entoquei-me no quarto de visitas para ler, pela segunda vez, Harry Potter e o Enigma do Príncipe. J.K Rowling é muito criativa. Perdi a noção do tempo, e estava quase na hora de almoçar. Acho que só voltei a pôr os pés no mundo porque minha vó anunciou: olha o milho! Fui a primeira a correr para a cozinha e pegar para deixar esfriar um milho. Não me importei se queimasse meus dedos. Importava-me em comer aquela “deliciura”. Delícia. Logo chegou a hora de comer. Tinha churrasco, que era já costumeiro, arroz branco (na falta do integral...) e mandioca, isso fora a salada. O arroz, eu não posso colocar defeito nenhum; eu repeti o prato de arroz duas vezes. Mandioca, que eu não gosto muito, não peguei. Agora, um churrasco ia bem. Experimentei um pedaço e senti queimar minha língua: eu tinha esquecido completamente que o vô gostava de muito, mas muito sal. Eca! Era isso que eu tinha vontade de dizer. Mas, eu não queria parecer reclamona. E o sal estalava na minha boca. Já ouvi falar de sal fino. Lembrei-me do sal grosso. Só podia ser. Aí captei que o vô estava falando que tinha temperado na hora com sal grosso, porque com o fino tinha que temperar com meio dia de antecedência. Disse, também, que se responsabilizava pelo excesso de sal, e que poderíamos pedir impeachment contra ele. Caímos na risada. Acabei o almoço, eu sequei a louça, mamãe lavou e vovó guardou. Guardarei também a continuação das próximas horas para outro texto, e quem quiser dar mais algumas gargalhadas, tem um texto esperando... Até a hora de voltarmos para casa e a “aventura” acabar. 

domingo, dezembro 06, 2015

Cerrado
Cerrado: pouca umidade
Cerrado: muita vida
Pode ser diferente
Ver tanta diversidade

Há plantas, árvores, animais
Que tem vida cada vez mais
Cujos são principais:
Formigas, cobras, lagartos e tais.

Pacas, capivaras e lobos-guarás
Será que dessa terra
Tu mesmo gostarás?

Pois para mim aparente
Ser lugar com seus afins
Será que vai ser legal
Ver assim, tantos e tantos cupins?

Pois para mim aparenta
Ser mais legal que os Açores
Mas estou muito ansiosa
Para ver pequenos roedores.

Bianca Juraski Camillo

sexta-feira, novembro 27, 2015

Curitiba, Paraná.
Viagem. Assim que minha mãe coloca na cabeça de viajar para algum lugar, não teima: ela vai e ponto final. Dessa vez, era para um evento em Curitiba, Paraná. Deu um pouco de briga pela nossa situação financeira, mas em 11 anos de casado, meu pai ainda não aprendeu que contrariar a mãe é meio complicado. Levando pelo bom lado, conheceríamos o Jardim Botânico. Iríamos para um lugar diferente, e era isso que importava.
Preparamo-nos, e, enfim, viajamos. Minha bagagem foi pouca: uma gatinha, Lila; três travesseiros; um cobertor e um baú, cheio de tranqueiras. Isso sem contar do Sansão e da Dalila, dois bichinhos de pelúcia da Turma da Mônica. A viagem de ida foi até legal, vimos várias árvores, e a estrada era boa. Acho que se meu pai largasse nosso Gol com a direção reta, ele ia sozinho, porque as estradas do Paraná, diferentemente das nossas, são retas e sem nenhum buraco. Depois de aguentar umas 6 ou 5 horas dentro do carro, e de nos perdermos na entrada, chegamos em Curitiba. Dois milhões de habitantes! Não era de se admirar que, com tantas pessoas, tivesse tanto prédio. Fomos procurar a UTFPR, onde a mãe tinha o evento, e ficamos por lá. Almoçamos num restaurante vegetariano (só de escrever me dá água na boca). Voltamos para o carro (de barriga cheia) e dirigimo-nos para o hotel. Chegamos lá e a aparência inicial não era muito agradável, com pessoas estranhas rondando o hotel e pessoas na frente fumando. Já ficamos desconfiados. Indo até a recepção, recebemos a péssima notícia de que não havia reserva nenhuma computadorizada no nome de minha mãe. E sabemos que Curitiba é capital, e que, nas capitais, era muito difícil arrumar hotel se já não tivesse reservado. Por sorte (que depois viraria em azar), havia um apartamento disponível, e que poderíamos olhá-lo. SURPRESA! Chegando lá, era um lugar simplesmente pior que se comparado a bos__. Poderia até ser legal, se não fosse apartamento de PULGA e se se não fosse tão... Tão “trash”. Lixo. Então desanimamos, e paramos num restaurante para pedir informações da localização de um hotel. Sugeriram-nos o Íbis. Centro. Chegando lá, não tinha apartamento disponível. E, como em Curitiba há uns 5 Íbis, fomos e outro. No bairro Batel. E TINHA! Entramos lá e a primeira coisa que eu vi foi um cofre. Sério, cofre num hotel? Mas fazer o quê? Era a primeira vez na minha vida que eu tinha visto um cofre. Coloquei um fio de cabelo e tranquei. Coloquei a senha (1234) e destranquei. Fiz isso vária vezes até provar a mim mesma que era confiável. Até que eu pedi para meu pai o pente. E tranquei-o lá dentro. Digitei novamente 1234 e tranquei. Chamei minha mãe para me ver destrancar, digitando novamente 1234 e puxando. Não abriu. Tentei novamente mais duas vezes e nada. Daí eu vi um bilhete grudado no cofre:
“Após três tentativas de senha com a mesma errada, o cofre se abrirá após 30 minutos.”
Aí eu pensei: “putz!”. Como eu abriria? Meu pai disse para esperar os 30 minutos, mas eu desconfiei: o cofre certamente NÃO se abriria.  Deitei relutante na minha cama-mesa (que meu pai delicadamente apelidara de “Caixão” da Bianca) e adormeci. Umas quatro horas depois, acordei e a primeira coisa que fiz foi olhar o cofre: e não deu outra.  Ele não se abriria depois de 30mins. Era uma NOVA TENTATIVA A QUE TÍNHAMOS DIREITO! E eu não lembrei a senha. Até resolvi chamar um funcionário do Íbis que, delicadamente me chamara de “purguinha” e nos dissera que outra “purga” tinha trancado o controle da televisão no cofre.
À noite, comemos e dormimos. O mesmo decorreu no dia seguinte, mas a mãe fez o curso. Esse dia eu posso dizer que foi bastante corrido, e eu não me lembro de muita coisa. Mas de uma que lembro era da nossa caminhada. Uma coisa que me entristeceu: moradores de rua. Havia uma mulher dormindo, e um gatinho em cima dela, lambendo-se. Aí eu pensei: as pessoas quase pisam em cima da mulher, e o fiel gatinho dá mais importância para ela do que seus iguais. Ora, a mulher nem tinha condições de cuidar de si mesma, e cuidava de um gatinho. Isso que é coração, isso que é fidelidade. E minha mãe desatou a chorar.
No dia que se seguiu, foi, em minha opinião, o mais legal de todos. Sabe por quê? Fomos ao Jardim Botânico! Pegamos novamente a estrada e o meu roller. Chegamos lá depois de congestionamento. Mas valeu a pena: o que vimos foi nada mais, nada menos do que magnífico. Flores por todo o lado, pedras cruzando riachos, a incrível estufa de flores em forma de castelo, fontes e até um tipo de açude. No meio da ponte de madeira, que era magnífica, nós vimos na margem, dois patos, uma pomba, duas tartarugas e um peixe que estava, no momento, meditando, meio zen. Cruzando um pouco mais pertinho da mata, vimos uma saracura! Mas nem tudo dura para sempre fomos embora levando um pouquinho daquele lugar conosco e deixando um pouco de nós. Na volta, dentro do carro, brincamos de pique-esconde e a única regra era que só valia dentro do carro. Mas valeu a pena pelas risadas.
“A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.”

Fernando Pessoa

sábado, novembro 14, 2015

É só um pique!

É só um pique!

Uma célula morre,
Outra vai ao seu lugar;
Você berra, chora e grita,
Mamãe te acalmar;
Um pique no bumbum,
Mas logo vai parar;
Você acaba resfriado,
Nós vamos te curar;
Pode arder um pouquinho,
Depois de um tempo, irá passar.



Uma pequena homenagem àquelas que, a cada dia, precisam escutar os berros, choros e gritos de cada criança, que momentaneamente irá cessar. A cura é maior. O berro é menor. Mas elas levam o dia pensando em proteger. Estou falando das enfermeiras, que seguram firmemente a agulha enquanto um grito agudo quase lhes estoura os tímpanos.

sábado, novembro 07, 2015

                                                           My commitment to power
This whole story starts with me as a child. Difficulty lifting me off the ground, run and follow my friend two years older than I was dose. The Hellen was thinner than I: that was the problem. She was thinner, or I was fatter? Chubby? Plump. I was an obese child. My mother felt that needed to nourish me well. And ended up feeding me too. The result? Excess "slide" in my belly. And how I suffered! I knew I was fat: and was ashamed of it. Only a fat person can not hide the body. Does not disguise himself. That's how I started.
I was fat. A chubby shameful. Ashamed of what? Of myself. How to start? With my mother tucking food and more food in my mouth. But forgive her: mom always wants the good for your child; never evil. The fact eat calorie things are not much help: overeating no longer gave! I was embarrassed, but did not care. The discussion at lunch (and dinner) started early.
I never forget a day that had polenta. I love polenta. Polenta and meat. Just ... I had repeated the dish once, and was "full stomach". But my mother, who "cared" with my nutrition, poured me another plateful and gave me to eat. Of course I refused. But the refusal also started the fight. And my defended me. Immensely thanked him because he had "won" the fight. It was from that day on I started taking my father as the "defender". All the fights I fought, fought always close to my father, I knew he would defend me.
But it did not last forever: he fell ill. The problem? Calculation in the bladder, which is for those who do not know a digester body. After the surgery, my father's poor ended without a gallbladder. Revenue was healthy eating. For those who were used to eating calorie things and not very healthy as set off with one of those huge pots of ice cream ... It was not easy. We changed the white matter to full: so did the rice. Chocolate? Only bitter or bittersweet. Sweet cut, very diminish the amount of ice cream, and we began to work on. Poor me! I, chubby, could not keep the past cunning of my parents. We take getting used to, but it worked lost weight to the point we get the balance and not see another 40 kg (in my case) and 100 kg to more (for my parents).
I was prettier: straightened me and looked after me. When small, weighed from 40 to more. What I weigh today.
Lesson? Maybe. Moral? Obviously. What happened to me today may happen to thousands. Billions. Perhaps, someday, people become aware of the importance of food.
A question to finalize: why schools do not teach that? In some, it is taught to sex education. But the food is something that we always have, always will. But I never saw a school teaching nutrition and good eating habits.
A hint? Maybe. A possibility? Obviously. We all have the right to choose: the right to think, and to be healthy.
"Let your medicine be your food, and your food be your medicine."
Continuing, I've always been fat when small. I blame neither forgive anyone. I also ate because asking over and over. I only ate because they offered me. And they gave me because they knew I would accept, and eat more and more. This eventually becomes a vicious circle, which finishes with the human being. There are few people who managed to get out of it. I think these vicious circles do so many laps with our wills, which ends up leaving us dazed and unable to recompormos in and out of the circle. The circle has no end. But it also depends on us. Sometimes we think "Ah!" "It will not hurt I eat just another chunk of this chocolate bomb ...". We need only think these things in the wind: and ask to be eaten again, pulling the next and the next time. Another problem: just eating too much. These "junk" do not quench. And we think we eat more because hunger has not been quenched. And end up obese, eating, eating, eating, eating, eating, eating and eating.
Now, to trick children, are used characters. As? In packs. Product packaging as lollies, snacks, pastries, snacks, juices and soft drinks. What child would not want to buy a product, which is your favorite character printed on the packaging? Who would not like that when he went to McDonald's and buy a Happy Meals, come a little doll or Ninja Turtle? It's all a deception. And many times, so ask the children end up getting what they want from their parents.
And then, to recover something that takes about five minutes are five years to burn the extra pounds.
"There is a tendency to put on weight. There is a tendency to eat.
Millor Fernandes. "

segunda-feira, novembro 02, 2015

Meu compromisso com a alimentação

Meu compromisso com a alimentação
Toda essa história começa comigo, quando pequena. Dificuldade de me levantar do chão, correr e acompanhar minha amiga de dois anos mais velha que eu era dose. A Hellen era mais magra que eu: esse era o problema. Ela era mais magra, ou eu era mais gordinha? Gordinha? Gorducha. Eu era uma criança obesa. Minha mãe achava que precisava me nutrir bem. E acabava me alimentando demais. A consequência? O excesso de “tobogã” na minha barriga. E como eu sofria! Eu sabia que era gorda: e tinha vergonha disso. Só que uma pessoa gorda não consegue esconder o próprio corpo. Não disfarça a si mesmo. Foi assim que eu comecei.
Eu era gorda. Uma gordinha vergonhosa. Vergonha do quê? De mim mesma. Como começou? Com minha mãe enfiando comida e mais comida na minha boca. Mas eu a perdoo: mãe sempre quer o bem para seu filho; nunca o mal. O fato de comermos coisas calóricas já não ajudava muito: comer em excesso já não dava! Eu tinha vergonha, mas não ligava. A discussão na hora do almoço (e janta) começava cedo.
Eu nunca me esqueço de um dia em que tinha polenta. Eu adoro polenta. Polenta e carne. Só que... Eu já tinha repetido o prato uma vez, e estava de “bucho cheio”. Mas minha mãe, que “se preocupava” com minha nutrição, serviu-me mais uma pratada e deu-me para comer. É claro que eu recusei. Mas na recusa, começou também a briga. E o meu me defendeu. Agradeci imensamente a ele, porque ele tinha “ganhado” a briga. Foi desse dia em diante que comecei a tomar meu pai como o “defensor”. Todas as brigas que eu brigava, brigava sempre perto de meu pai: eu já sabia que ele me defenderia.
Mas não durou para sempre: ele adoeceu. O problema? Cálculo na vesícula, que é para quem não sabe um órgão digestor. Depois da cirurgia, o coitado de meu pai acabou sem uma vesícula. A receita era uma alimentação saudável. Para quem estava acostumado a comer coisas calóricas e não muito saudáveis como detonar com um daqueles potes enormes de sorvete... Não foi fácil. Mudamos da massa branca para integral: o mesmo aconteceu com o arroz. Chocolate? Só amargo ou meio amargo. Cortamos doces, diminuímos muito a quantidade de sorvete, e começamos a nos exercitar. Pobre de mim! Eu, gordinha, não conseguia acompanhar a passada astuta de meus pais. Demoramos a nos acostumar, mas deu certo Emagrecemos a tal ponto de chegarmos à balança e não ver mais 40 kg (no meu caso) e 100 kg pra mais (no caso de meus pais).
Fiquei mais bonitinha: ajeitei-me e me cuidei. Quando pequena, pesava de 40 para mais. O que eu peso hoje.
Lição? Talvez. Moral? Obviamente. O que aconteceu comigo talvez hoje aconteça com milhares. Milhares de milhões. Talvez, em algum dia, as pessoas se conscientizem da importância da alimentação.
Uma pergunta, para finalizarmos: por que as escolas não ensinam isso? Em algumas, é ensinada até educação sexual. Mas a alimentação é uma coisa que sempre fizemos, sempre faremos. Mas nunca vi uma escola ensinando alimentação e bons hábitos alimentares.
Uma dica? Talvez. Uma possibilidade? Obviamente. Todos nós temos o direito de escolher: o direito de pensar: e o de sermos saudáveis.
“Que seu remédio seja sua comida, e que sua comida seja seu remédio”.
Continuando, eu sempre fui gorda, quando pequena. Não culpo nem perdoo ninguém. Eu também comia porque pedia mais e mais. Só que eu comia porque me ofereciam. E me ofereciam porque sabiam que eu aceitaria, e comeria mais e mais. Isso acaba se tornando um círculo vicioso, que acaba com o ser humano. Poucas são as pessoas que conseguiram sair dele. Acho que esses círculos viciosos fazem tantas voltas com nossas vontades, que acaba nos deixando tontos e incapazes de nos recompormos e sair do círculo.  O círculo que não tem fim. Mas também depende de nós. Às vezes nós pensamos “Ah”! “Não vai fazer mal eu comer só mais um pedação dessa bomba de chocolate...”. Só que precisamos pensar que essas coisas nos enrolam: e pedem para serem comidas mais uma vez, que puxa a próxima e a próxima vez. Mais um problema: acabamos comendo demais. Essas “porcarias” não nos saciam. E, pensamos, temos comer mais, porque a fome ainda não foi saciada. E acabam obesos, comendo, comendo, comendo, comendo, comendo, comendo e comendo.
Agora, para enganar as crianças, usam-se personagens. Como? Em embalagens. Embalagens de produtos como picolés, salgadinhos, doces, salgados, sucos e refrigerantes. Qual criança não gostaria de comprar um produto, que tem o seu personagem favorito estampado na embalagem? Quem não gostaria que, quando fosse ao McDonald’s e comprasse um Mc Lanche Feliz, viesse uma bonequinha ou uma Tartaruga Ninja? É tudo uma enganação. E muitas vezes, de tanto pedir, as crianças acabam conseguindo o que querem dos pais.
E depois, para se recuperarem de uma coisa que leva uns cinco minutos, vão cinco anos para queimar os quilinhos a mais.
“Não existe tendência para engordar. Existe tendência para comer.
Millôr Fernandes.” 

 


                                                                                          

terça-feira, outubro 27, 2015

Resumo do livro: A Bolsa Amarela



Resumo do livro: A Bolsa Amarela

  Raquel era uma menina. Uma menina que tudo fazia. Era considerada louca. Louca? Que nem os adultos, talvez não. Mas como criança... Ah! Aí é outra história!
  Raquel tinha três principais vontades:
1_ Ser menino. Toda vez que ela via algum garoto empinado pipa, lá desatava sua vontade de ser do sexo oposto.
2_ Ser gente grande. Apesar dos xingamentos de “louca”, Raquel sofria com isso. E, além disso, criança não podia fazer nada. Adulto pode. E, quando sua mãe, seu pai ou seus irmãos diziam isso a ela, lá desatava sua vontade a crescer.
3_Ser escritora, porque gostava muito de escrever.
  E, como gostava muito de “ser escritora”, escrevia cartas para seu amigo, André.
Sua primeira carta foi assim:

Ando querendo bater papo. Mas ninguém tá a fim. Eles dizem que não têm tempo. Mas ficam assistindo televisão. Queria te contar minha vida. Dá pé?
 Um abraço da Raquel.
Demorou um pouco, mas a resposta finalmente veio, meio em forma de telegrama, com duas palavras.

Dá. André.

  Mas Raquel não desistiu. Escreveu de novo.

Querido André
 Quando eu nasci minhas duas irmãs e meu irmão já tinham mais de dez anos. Fico achando que é por isso que ninguém aqui em casa tem paciência comigo: todo mundo já é grande há muito tempo, menos eu. Não sei quantas vezes eu ouvi minhas irmãs dizendo: "A Raquel nasceu quando a mamãe já não tinha mais condição de ter filho".
(…)
 Fiquei pensando: mas se ela não queria mais ter filho por que é que eu nasci? Pensei nisso demais, sabe? E acabei achando que a gente só devia nascer quando a mãe da gente quer ver a gente nascendo. Você não acha, não?
Raquel

Semanas depois, a resposta veio. Novamente, em forma de telegrama.
Acho. André.

Raquel, dessa vez, não ficou muito feliz em receber aquele telegrama, como se tivesse preguiça de escrever ou até como aquelas cartas em que você escreve bem curtinho, para não gastar muito dinheiro para enviar.

Oi, André!
 O pessoal aqui em casa até que se vira: meu pai e minha mãe trabalham, meu irmão tá tirando faculdade, minha irmã mais velha também trabalha, só vejo eles de noite. Mas minha irmã mais moça nem trabalha nem estuda, então toda hora a gente se esbarra uma na outra. Sabe o que ela diz? Que é ela que manda em mim, vê se pode.
(...)
(...)
Aí eu inventei que o Roberto (um grã-fino que ela quer namorar) tinha falado mal dela. "Sabe o que é que ele andou espalhando?" – eu falei – "que você é tão burra que chega a meter aflição." Levei uns cascudos que eu vou te contar.”
(…)
(…)
 Escuta aqui, André, você me faz um favor? Para com essa mania de telegrama e me diz o que é que eu faço pra não dar confusão. POR FAVOR, sim?
Raquel
Dessa vez, André respondeu como uma carta de verdade.
“Querida Raquel
Pra falar a verdade, eu preferia não me meter nessa história: uma vez fui desenrolar o problema de uma amiga minha e acabei me enrolando todo também. Mas você pediu POR FAVOR e fica uma coisa um bocado chata não atender um favor tão pedido numa letra tão grande. Então eu pensei bastante, e acabei achando que pra não dar mais confusão você tem que fazer o seguinte: daqui pra frente você só inventa inventado, tá compreendendo como é que é? Se você inventa uma história com gente que não existe, aposto que ninguém liga. Teu pessoal só fica chateado por que no meio da invenção você coloca o namorado da tua irmã [...]”

  E assim foi. Até que o irmão da Raquel descobriu as cartas, proibindo-a de mandar cartas para esse tal de “André”. Então Raquel inventou um nome de que gostava: Lorelai. E começou a escrever para ela. Os bilhetes chegaram tão longe que uma estava propondo para a outra de fugir com si. Só que... Chegou as “doações” de roupa da tia Brunilda. Brunilda era uma madame que, quando usava uma roupa, enjoava ou não gostava mais. E como a família de Raquel era pobre, as roupas eram dadas para eles. No dia era sempre um vuco-vuco. Todos se perguntando se a roupa que tinham pedido tinha vindo, se ficava com o short ou com a blusa... Era o ó do borogodó. E o pior: nunca sobrava nada para a pobre da Raquel. Tinha só uma bolsa; uma bolsa amarela. Uma bolsa amarela que ninguém queria. Sob seus olhos, era feia. E Raquel viu, naquele momento, que tinha chance de ficar com alguma coisa. Depois da muvuca ter esvaído-se, sua irmã olhou com nojo para a bolsa e disse:
_ Tó, Raquel. É para você.
  Raquel ficou saltitando de feliz. Abriu a bolsa e descobriu: ela tinha filhos! (Para Raquel, os bolsos dentro da bolsa eram filhos da bolsa). Tinha um bolso pequenino, outro estreito e comprido e outros. Dentro da bolsa, Raquel poderia guardar muitas e muitas coisas, inclusive suas cartas, nomes inventados, e suas vontades. Só que... Para guardar segredos na bolsa amarela, ela precisava de um fecho. E fecho é o que não tinha. Então, juntou um dinheirinho que tinha guardado e foi para um sapateiro. Ele a mostrou um monte de fechos, muito caros. Até que o sapateiro mostrou-lhe um zíper. Zíper bonito.
_Não te aconselho esse daí.
Disse o sapateiro, apontando para o zíper.
_Ele enguiça muito fácil.
“Então, ele é perfeito!”, pensou Raquel. E combinou com o zíper:
_Olha, zíper. Quando alguém tentar te abrir, você enguiça, rá?
O zíper rangiu. Era certo que queria alguma coisa em troca.
_Olha, se você enguiçar na hora certa, prometo te encerar todo dia.
Dessa vez, o zíper concordou, e o mesmo foi instalado na bolsa.
  A vontade de ser escritora pesou dentro da bolsa. E foi assim que Raquel escreveu seu primeiro romancinho. Escreveu sobre um galo chamado Rei, que desde pequeno fora criado para ser galo tomador de conta de galinha. Só que ele não aguentava: para ciscar, chocar e comer, as galinhas pediam para Rei se elas podiam mesmo fazer tal coisa. Ele dizia que sim, que elas podiam fazer o que elas queriam. E as galinhas, bravas com ele, iam contar para os donos, que prendiam Rei numa “cadeia”. E lá ele ficava. Quando saí, Rei resolve fugir. E ele fica o romance inteiro decidindo se vai ou não fugir. E guarda seu primeiro romance na bolsa amarela, já suas vontades haviam emagrecido. Seu irmão, porém, descobriu. O romance, coitado! Raquel ficou tão brava com suas invenções inventadas sendo debochadas, que rasgou o romance do Rei inteirinho!
  Dias depois, Raquel, enquanto dormia, nota um remelexo em sua bolsa. “Que diabos essa bolsa tem?”, pensou. Abriu a bolsa com todo cuidado e viu lá dentro um galo. Um galo com toca de bandido. Depois, quando o galo cria confiança em Raquel, é que mostra o rosto. Um belo rosto, como do Rei. E era mesmo! O Rei tinha mesmo fugido! E estava morrendo de medo que as galinhas o encontrassem. E pediu para a Raquel se ele podia ficar na bolsa amarela, afinal ali era protegido, seguro, quentinho, e as galinhas não tinham a menor chance de encontrá-lo. E Raquel deixou.
_Raquel, você muda meu nome?
_Por quê?
_Porque, como eu não sou galo tomador de conta de galinha, não tem motivo para meu nome ser Rei.
  E Rei sorteou um nome para si mesmo do bolso em que Raquel guardava os nomes.
_Tá decidido! Vai ser Afonso.
_Você não tem cara de Afonso.
_Tenho cara do que eu quiser ter cara. Então, tenho sim cara de Afonso.
  No dia seguinte, enquanto voltava da escola com Afonso, Raquel ouviu um PLOFT! Afonso foi correndo ver o que era. Era uma guarda-chuva. Com a história encravada. Encravada porque ela podia passar de grande para pequena e de pequena para grande. Quando travou, sua história parou  também. Era uma guarda-chuva bonitinha, que tinha mania de paraquedas. E Afonso pediu para Raquel guardá-la. E assim fez. Guardou a guarda-chuva no bolso comprido e estreito.
  Até que Afonso topou com um primo seu: Terrível, o galo de briga. Diziam que ele tinha o pensamento costurado. Tal e qual! Em vez de cumprimentar seu primo, Terrível apenas falou:
­_Vamos lutar?
  O pobre do Afonso recuou, confuso.
_Lutar pra que?
_Porque eu tenho que ganhar de todo mundo.
_Então, finge que a gente já lutou e que você já ganhou. Quantas lutas você já lutou?
_500.
_E ganhou quantas?
_499. Perdi pro Crista de Ferro. E amanhã terá a revanche. Amanhã de noitinha.
_Ele vai matar o Terrível!
  Disse Afonso para Raquel.
_Não podemos deixar que ele lute.
  Então, Afonso resolveu puxá-lo para a bolsa amarela.
_ Terrível! Tem alguém aqui te desafiando para uma luta!
  Terrível partiu para a luta. E foi tragado pela bolsa amarela. Sem nenhum desafiante. Nenhuma briga.
  Quando Raquel acordou, recebeu a notícia de que visitariam a tia Brunilda. Lá, suas vontades desataram a crescer. Seu primo brincando: vontade de ser menino. Sua irmã escrevendo: vontade de ser escritora. Dos maiores se servirem primeiro: vontade de ser gente grande. E o pior: estava com a bolsa amarela! Todos tentando abri-la, e esmagando todos os galos e a guarda-chuva que lá tinha. Ainda bem que um alfinete de prender fralda de bebê que Raquel guardava no bolso bebê espetou suas vontades. Todas elas murcharam como balão.
  Terrível fugiu. Fugiu para a luta. O zíper não havia aguentado. Terrível, provavelmente estava morto. Foram ver na praia em que ele tinha lutado, e na rinha tinha sobrado apenas o círculo, o sangue e penas. Penas de Terrível. Voltaram tristes para casa. E Raquel fez seu segundo romance. Resumindo, ele falava sobre um carretel de linha forte que fora ocupada para costurar o pensamento de Terrível. E ele só pensava em lutar. Até que, na luta com o Crista de Ferro, a linha se forçou e arrebentou, e o Terrível foi jogado no mar, onde foi pescado por um pescador e Terrível passou a ser seu animal de estimação.
  Afonso teve uma ideia. Ia mudar o mundo.
  Mas... Será que é o mundo que precisa ser mudado? Será que, se nós nos alterássemos, não seria  um mundo melhor? Hehehehe. Até parece que é o ser humano que tem o pensamento costurado...

segunda-feira, outubro 19, 2015

E o PROERD ajudou

          Era uma tarde nevoenta. Uma leve garoa castigava a cidade, e apesar disso, duas sombras caminhavam sorrateiramente pelas ruas. Eram Mateus e João, dois meninos (10 anos) que eram o principal alvo da polícia por venda de drogas e tráfico da mesma. Seu principal ponto de vendas era numa pequena vila, muito retirada da cidade. Vários “novos” usuários estavam sendo alvos de “testes de confiança”, para nunca, jamais, nunca e jamais contar para quaisquer que seja o ser vivo o ponto de venda e tráfico de drogas. Dênis era um deles. Sabia que era muito novo para estar envolto com drogas, e no fundo mais escuro e resguardado de seu peito, sabia que estava errado, pois o PROERD (Dênis estudava no 5ºano) pesava-lhe no coração.
Foi procurar ajuda de sua fiel amiga Sofia; talvez ela lhe ajudasse a decidir o que fazer. Porém, em vez de conseguir uma resposta, encontrou mais perguntas:
_Você está se envolvendo com alimento?
_Não.
_Água ou líquidos?
_Não.
_Prejudica o funcionamento do organismo?
_Bom... De certa forma, sim.
_SÃO DROGAS! Como pôde? O nosso professor do PROERD vai ficar uma fera! Sabe que seus responsáveis podem ser presos, né? Como você acha que vai... Espera um pouco. É impressão minha ou você está cheirando a cigarro? O que esteve fazendo enquanto não foi para a aula?
_Eu... Bem...
Dênis não precisava mais completar a frase. O óbvio era mais do que óbvio. Estivera fumando.  Sofia deu um longo suspiro e trouxe-o para dentro de sua casa:
_Lembra que o cigarro de mascar possui uma substância, a nicotina? Ela reduz a quantidade de sangue enviada para o cérebro.
_Se faz com que ficamos burros, comigo não tem diferença. Não vou bem às provas, mesmo... ATCHIM!
_Saúde!
_Obrigado.
_Aliás, saúde não: peste! Mais uma prove de que você está fumando. Os fumantes tem mais tendência a contrair resfriados e problemas respiratórios, o que pode levar a uma coisa mais grave, como câncer de pulmão e câncer na boca. E eu acho que você não iria querer ter rugas na pele.
_Por quê?
_Além de o fumo causar rugas e ressecamento de pele, causa mau hálito e os dentes ficam amarelos.  Isso se você tiver a sorte de não pegar uma doença cardíaca e for mais um dos 200.000 brasileiros que morrem por causa do cigarro, que se juntam com as 6.000 mortes que ocorrem por ano. E os seus “amiguinhos”? Acham-se tanto que eu aposto com você que já estão bebendo vodca, cerveja...
_Nem precisa apostar! Eles tomam mesmo.
_Ótimo. Daqui a uns anos, eles se juntam com as 17.300 mortes por bebida alcoólica que ocorrem no Brasil.
_Eles misturam com o remédio do pai de Mateus.
_Pior ainda.  Isso é muito perigoso. Em nem 395 dias eles morrem.
_Mas é muito!
_Um ano e um mês.
_E o que mais? Sobre a bebida alcoólica.
_Deixa o cérebro e o corpo mais lentos, perdem a coordenação, não tem mais raciocínio de julgamento, a memória começa a falhar, não tem mais autocontrole, os reflexos ficam mais lentos, enfraquece o músculo cardíaco e a quantidade de sangue bombeado por ele, a pessoa pode ficar em coma, pode causar danos nos nossos órgãos, e o mais grave é a morte. Bem, é isso. Pode ir, e espero que eu tenha te conscientizado.
_Nossa! Você praticamente decorou o que o professor do PROERD disse! Que memória!
_É que eu não fumo nem bebo, e por isso tenho uma bela memória!
Os dois caíram na gargalhada. Uma gargalhada boa e saudável, sem cheiro de cigarro nem gosto de vodca. Dênis parou de fumar e acabou denunciando seus companheiros para a polícia, que prendeu os responsáveis e mandou-os para uma casa de recuperação de drogas e dependentes.


                                                                                                            

segunda-feira, outubro 05, 2015

BEF (Bianca, Eliane e Felipe)

Essas linhas são da autoria de duas pessoas que amo muito. Hoje, olhei minhas velhas pastas, pois adoro relembrar coisas esquecidas. Numa delas, encontrei esses dois poemas/poesias, dum tempo em que sismamos em "poemar".

A primeira é da autoria de meu pai; a segunda, de minha mãe. Meus dois amores. 

Depois de limpar a casa, arrumar, perfumar
Em minha princesa começo a pensar
Ela é exigente com seus pais
Uma grande rainha será, além do continente, do cais.

Uma flor bem cuidada, logo logo florirá
Passarinhos passarão, tico-tico no fubá
A menina que estuda
Muito em breve irá desabrochar.

Quando chega  da escola
Vem correndo me encontrar
Hoje vai ter lua cheia
A nossa cientista vai observar.

A coragem está contigo
Não temes o perigo
Nós te damos abrigo
E pras aranhas...  demos castigo.

Felipe Y Castro Camillo.
Papai, você sem dúvidas tem um lado ainda não explorado que é vasto em poemas.  Talvez... Podes tomar esse rumo! Beijos!
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Dedico essas linhas a uma pessoa querida
Que há 10 anos surgiu em minha vida
Assim que foi concebida já comecei a amar
E durante a sua existência teve muito a me ensinar
Aprendi com ela a sempre melhorar mais
Pois sempre me enche de orgulho com tudo que faz
Temos uma ligação muito profunda
Porque de puro amor ela é oriunda
Me surpreende a cada descoberta
Se mostrando a cada momento mais esperta
Sua sensibilidade é notável
E além de tudo é muito amável
Espero que crie asas e muito longe voe
E quando eu contigo errar, por favor me perdoe
Porque o que eu mais quero é que seja forte
E que nada nos separe, nem mesmo a morte!

Eliane Juraski Camillo.
Mãe... Quanta rasgar a seda para o meu lado! Assim, dá a impressão que sou uma anjinha! Muito obrigado por tudo, e que os mesmos elogios voltem em dose dupla para vocês. Assim vocês me deixam sem jeito... Mais um defeito meu para incluir nesses poemas: minha vergonha!!!!!!!!!!!!
Beijos do fundo do meu coração!




















domingo, outubro 04, 2015

Coragem e Boa Ação

Coragem e Boa Ação
Na verdadeira história que irei lhes contar, estarão presente as virtudes, cujo nome é coragem e boa ação. Se quiseres, podes substituir boa ação por simplicidade ou humildade; o que preferires.
Tudo começou quando eu estava lá embaixo do meu apartamento, onde se encontram playground e estacionamento, brincando juntamente com dois amigos meus de Monster High e Barbie. Juntamente comigo, estava minha caixa de papelão lotada dos mais diversificados brinquedos: Barbie, jogos, balões, animais de borracha... entre muitos outros. Minha amiga Laura notou um cachorrinho de pelúcia rosa acima de minha caixa; prontifiquei-me a dizer que meu não era. Pedro nada disse, senão o mesmo que eu. Por um momento, fiquei até feliz: “ganhei um bichinho de pelúcia!”. Depois, lembrei-me de que alguma criança poderia procurá-lo, pois de alguém era. Lembre-me também que a mesma situação já decorrera comigo: perdi meu cachorrinho robô dentro de um ônibus, quando minha idade era de 3 a 2 anos. Eu adorava aquele brinquedo, em especial. Minha mãe entrou em contato com a empresa de ônibus da qual eu o perdera, porém, mais tardar veio a notícia de que o mesmo não fora encontrado no ônibus em que fomos transportados. Senti muita falta do cãozinho. Então, resolvi encontrar o dono (ou dona) do cachorro. Coloquei um aviso no mural, e esperei. Depois de alguns dias, já no meu horário de ir para a escola, estava conversando tranquilamente com minha amiga Laura, quando apareceu um homem que eu conhecia me perguntando se o anúncio no mural era meu. Disse que era, e ele me respondeu que o cachorrinho de pelúcia era de sua filha, Júlia. Fiquei feliz por ter achado a dona do cachorrinho. Como eu esperava, seu pai disse-me que a mesma estava desesperada à procura do bichinho. Minha consciência ficou satisfeita, leve, feliz. Assim como, pensei depois, a menina deveria ter ficado.

Dias depois, no colégio, na área coberta, estávamos brincando de “pega-cachorro” (em vez de pega-bola), obviamente de pelúcia, que um colega meu tinha trazido. Minha melhor amiga jogou o bicho para mim, sendo que o mesmo atingiu o chão e eu o juntei. Com medo de acertar as partes íntimas de meus colegas, joguei o pobre bichinho no alto. Uma milésima fração de segundo depois, o mesmo atingiu uma lâmpada. Um arrepio percorreu-me.  Que medo! Depois, notei que os cacos haviam atingido dois colegas meus. Um deles disse que estava tudo bem, que não tinha se machucado, e que só estava pouquíssimo preocupado com um pozinho que ouviu dizer que as lâmpadas soltavam. O outro saiu contando vantagem (não era de se admirar: ele sempre foi assim). Fui à secretaria narrar o que aconteceu, e a Liz (secretária) disse-me para voltar quando batesse o sinal para o recreio. Magoei-me, pois tinha combinado com os garotos uma “pelada” no ginásio. Mas... No recreio, fui para a secretaria morrendo de medo. “Será que eu vou receber uma advertência, uma ocorrência negativa, uma suspensão?”. Era nesse último que eu não queria pensar. Mas respirei fundo e fui. Chegando lá, a Liz me disse que não aconteceria nada, para eu ficar tranquila, que SE tivesse algum prejuízo maior, num caso de EMERGÊNCIA mesmo, aí ia mandar a conta. Fiquei mais tranquila, e fui jogar futebol. Depois da aula, eu tinha futsal. Pelo jogo inteiro eu fiquei pensando em como eu ia contar para meus pais o “acontecido que aconteceu”. Era a única coisa que ainda em incomodava. Mais tarde, a hora da revelação tinha chegado: e eu não tinha outro remédio senão contar. Se mentisse, além de desgastar a confiança, eles saberiam mais tarde. E se a conta aparecesse? Contei. Para a minha surpresa foi que, ao contrário do que eu espero, eles não colocaram um ovo. Foram bem tranquilos: disseram para me cuidar mais, para me afastar. E foi só. Em vez de eles colocarem um ovo, fui eu que quase coloquei, só com a minha ansiedade. Mas até hoje eu me pergunto: adiantou alguma coisa? A ansiedade, não. A coragem, é outra história; bem melhor e bem diferente!