sexta-feira, junho 10, 2016

Uma experiência... Diferente.

Uma experiência… diferente


Bendito seja o amor de minha mãe por trilhas! Com elas, temos contatos com lugares, culturas e tradições diferentes. Vamos atrás do novo, do inesperado. E não registramos, pelo menos não em câmera: mas no coração. No fim de semana passado, fomos a trilha da Gurita. Ficou curioso? Acompanhe-me!
A trilha da Gurita já nos era conhecida, porém queríamos segui-la, uma vez que paramos na metade do caminho na única vez que fomos. Estacionamos no lugar que já nos era familiar, empunhando o facão, com mochilas pesadas. Saímos do carro, encasacados, e começamos a trilha. Estava limpa, a terra coberta de folhas. Fizemos brincadeiras e conversamos sobre o meio ambiente, a Mata Atlântica. Afinal, era onde estávamos, não?
Comemos a banana (convenhamos: nosso corpo precisa de energia para continuar funcionando) e seguimos. Depois do que me pareceu uma ou duas horas, chegamos na casa de seu Osni, morador próximo da trilha da Gurita. Passamos pelo cachorro e entregamos nosso presente para ele: café Expresso, Pilão. Raramente tomávamos café, e Sr. Osni deveria fazer café frequentemente, como ele mesmo nos confirmou.
Ainda em sua moradia, encontramos o irmão de Sr. Osni, que nos acompanhou para mostrar-nos o caminho que levava até o Sertão. Depois, foi-se embora. Pulando igual a sapo, fomos, de pedrinha em pedrinha, até um caminho barrento e gramado. Como não era plano (bem pelo contrário: eu acho que nunca subi TANTO assim), sofremos para subir. Era tanta subida… meus músculos (gastrocnêmios e companhia) gritavam por socorro. E eu também, tanto que resmungava que voltaria sem eles, que iria desistir. Ainda bem que eu não fiz isso. Em primeiro lugar: eu IA sim onde meu pai e minha mãe fossem. Afinal, éramos uma família, e tomamos as decisões juntos. Em segundo lugar: o que eu ia fazer se desistisse? Voltar para o carro? Tolice.
Em último lugar, acrescento depois, eu perderia uma coisa que talvez jamais fizesse na minha vida. Explicarei melhor: quando chegamos ao final da subida inacabável (se isto é possível), deparamo-nos com uma estradinha de chão. Era uma vila, pequena e aconchegante. Pedimos informação a uma gentil senhora, que nos disse que, pertinho dali, tinha um alambique. Almoçamos a marmita perto de uma simpática igrejinha e fomos procurar o tal alambique. Discursos prolongados sobre cachaça seguiram-se, já que minha mãe trabalhou em alambique caseiro e já fora cachaceira. A senhora tinha dito que o alambique era perto? Que nada. Depois meu pai acrescentou que ela dissera que teríamos de caminhar “uns quarenta minutinhos”.
Sinceramente, eu agi pior no caminho do que para com a subida. Resmunguei que um gole de cachaça não valia TANTO assim. No caminho, mamãe me falou que a cachaça vinha da cana de açúcar, que era doce, doce. Mas… Como é que eu ia saber se NUNCA tinha provado cana na vida? A minha sorte é que tinha canavial no caminho, e em vez de resmungar coisas inaudíveis que envolviam “cachaça”, “não”, “vale” e “tanto”, aproveitei o facão que empunhava e cortamos uma cana para eu chupar. Minha mãe fez uns palitinhos e eu roí. Acreditei, instantaneamente que o açúcar vinha da cana…
Chegando no alambique, coloquei os palitos de cana no bolso do casaco. Oras, o dono do canavial era o dono do alambique! Como é que eu vou ir na casa dele e ficar com suas coisas? Enquanto meus pais conversavam com o dono do alambique, dizendo que eu nunca tinha comido cana, que nunca tive esta experiência, eu saía, de vez em quando, justamente para comer aquela coisinha gostosa. Cana é meu vício, e não é uma droga.
No fim, saímos do alambique com uma garrafinha de 500ml de cachaça, uma cana de açúcar e muita história para contar, debater e discutir. Continuamos reto, pela estradinha. Encontramos uma bananeira, na qual apanhamos banana, e por sorte, laranjeiras. Por experiência própria, descobrimos, mais tarde, que era azeda… Quando chegamos no asfalto, não suportava mais minhas pernas. 25Mins de caminhada foram o suficiente para tentarmos um ônibus num ponto (ele demorou e desistimos) e conseguirmos noutro. O ônibus chacoalhava menos da última vez que andei…

Chegamos, finalmente, ao carro. Eu e mamãe paramos num parque e o papai buscou o carro. Conheci ali um cachorrinho simpático, que ganhou carinho até dizer chega. O fofinho queria me acompanhar para o carro, mas voltou para os verdadeiros donos. Isto me fez chorar, porque uma vidinha tão simples assim era tão… marcante. Ficou no meu coração, assim como nossa aventura, na qual tivemos uma experiência… diferente.