sexta-feira, abril 15, 2016

Um espaço pequeno para uma grande criatividade!

Um espaço pequeno para uma grande criatividade
Era uma vez uma caneta. Toda decorada com seu livrinho preferido, o d’O Pequeno Príncipe, vivia comparando sua vida de caneta com o do seu Príncipe “encantado”. Enquanto seu amado vivia aventuras, ela gostava de escrevê-las. Conseguia parar de pé depois de muito esforço, motivo de sua paralisia nas pernas, e depois arranhava carinhosamente o papel, procurando formar letras, palavras, frases, parágrafos e por fim, textos. Ficava muito aliviada quando pulava pela última vez e marcava o ponto que finalizava o texto, e imaginava-se pulando amarelinha quando usava a reticências. O papel reclamava um pouquinho, mas depois que a dor passava se orgulhava de si mesmo por ser uma fonte cultural. A caneta, é claro, usava e abusava de sua criatividade. No seu mundo, o Pequeno Príncipe morava num planeta bem pequenino, como a ponta de uma caneta. Em vez de viajar em cometa, sua descoberta do universo (ou será multiverso?) acontecia numa caneta veloz quentinha igual a cobertor para dias frios e geladinho como água em dias quentes. Os planetas bons agradeciam o principezinho dando-lhe livros, o que o ajudava há passar o tempo. Os maus planetas o rabiscavam inteiro. Mas ele sempre escapava sem uma mancha de tinta.
Em seu pequeno planeta, K Neta 612 , havia três canetas-vulcões que expeliam tinta toda vez que fossem perturbadas. Porém, o Pequeno Príncipe as cuidava com um carinho imensurável, e suas explosões de tinta, agora, eram mínimas. Possuía um castelo literário, composto de livros e canetas, tanto para ler quanto para escrever. Também o limpava com amor, pois sabia que poderia juntar traças, pesadelo de seus livros. Mas o seu maior amor era uma caneta vermelha com pétalas cor de rosa que decoravam seu fim. Brotava da terra com esplendor, criava uns espinhos aqui e ali, mas tudo para se proteger, sempre com uma voltinha aqui e ali, o que a deixava ainda mais bela.  O Pequeno Principezinho nunca interferiu no ciclo da caneta-flor. Apenas cuidou para que crescesse bonita e saudável, hidratando-a em dias quentes e aquecendo-a quando fazia frio. Assim, cresceria graciosa e esbelta, com corpo magro e força de elefante, delicadeza de colibri e inteligência de um felino.

A caneta usava e abusava de suas ideias, buscando cada vez mais o novo, cada vez mais o inesperado. Um dia, maldito seja aquele dia, a caneta, que buscava aventura, meteu-se dentro de um saquinho. Não conseguia sair, até que o papel, dolorido e machucado de tanto ser arranhado, a ajudasse. Rendeu-lhe mais uma aventura. Quando deu uma pirueta pela última vez no papel, sentiu-se igualada ao seu ídolo: afinal, o Pequeno Príncipe vivia num espaço apertado, e a caneta provou que até quando encontramo-nos em apuros, é possível exercitarmos a criatividade, mesmo que a mesma esteja em um espaço apertado...