Meu compromisso com a alimentação
Toda
essa história começa comigo, quando pequena. Dificuldade de me levantar do
chão, correr e acompanhar minha amiga de dois anos mais velha que eu era dose.
A Hellen era mais magra que eu: esse era o problema. Ela era mais magra, ou eu
era mais gordinha? Gordinha? Gorducha. Eu era uma criança obesa. Minha mãe
achava que precisava me nutrir bem. E acabava me alimentando demais. A
consequência? O excesso de “tobogã” na minha barriga. E como eu sofria! Eu
sabia que era gorda: e tinha vergonha disso. Só que uma pessoa gorda não
consegue esconder o próprio corpo. Não disfarça a si mesmo. Foi assim que eu
comecei.
Eu era gorda. Uma gordinha vergonhosa.
Vergonha do quê? De mim mesma. Como começou? Com minha mãe enfiando comida e
mais comida na minha boca. Mas eu a perdoo: mãe sempre quer o bem para seu
filho; nunca o mal. O fato de comermos coisas calóricas já não ajudava muito:
comer em excesso já não dava! Eu tinha vergonha, mas não ligava. A discussão na
hora do almoço (e janta) começava cedo.
Eu nunca me esqueço de um dia em que tinha
polenta. Eu adoro polenta. Polenta e carne. Só que... Eu já tinha repetido o
prato uma vez, e estava de “bucho cheio”. Mas minha mãe, que “se preocupava”
com minha nutrição, serviu-me mais uma pratada e deu-me para comer. É claro que
eu recusei. Mas na recusa, começou também a briga. E o meu me defendeu.
Agradeci imensamente a ele, porque ele tinha “ganhado” a briga. Foi desse dia
em diante que comecei a tomar meu pai como o “defensor”. Todas as brigas que eu
brigava, brigava sempre perto de meu pai: eu já sabia que ele me defenderia.
Mas não durou para sempre: ele adoeceu. O
problema? Cálculo na vesícula, que é para quem não sabe um órgão digestor.
Depois da cirurgia, o coitado de meu pai acabou sem uma vesícula. A receita era
uma alimentação saudável. Para quem estava acostumado a comer coisas calóricas
e não muito saudáveis como detonar com um daqueles potes enormes de sorvete...
Não foi fácil. Mudamos da massa branca para integral: o mesmo aconteceu com o
arroz. Chocolate? Só amargo ou meio amargo. Cortamos doces, diminuímos muito a
quantidade de sorvete, e começamos a nos exercitar. Pobre de mim! Eu, gordinha,
não conseguia acompanhar a passada astuta de meus pais. Demoramos a nos
acostumar, mas deu certo Emagrecemos a tal ponto de chegarmos à balança e não
ver mais 40 kg (no meu caso) e 100 kg pra mais (no caso de meus pais).
Fiquei mais bonitinha: ajeitei-me e me
cuidei. Quando pequena, pesava de 40 para mais. O que eu peso hoje.
Lição? Talvez. Moral? Obviamente. O que
aconteceu comigo talvez hoje aconteça com milhares. Milhares de milhões.
Talvez, em algum dia, as pessoas se conscientizem da importância da
alimentação.
Uma pergunta, para finalizarmos: por que as
escolas não ensinam isso? Em algumas, é ensinada até educação sexual. Mas a
alimentação é uma coisa que sempre fizemos, sempre faremos. Mas nunca vi uma
escola ensinando alimentação e bons hábitos alimentares.
Uma dica? Talvez. Uma possibilidade?
Obviamente. Todos nós temos o direito de escolher: o direito de pensar: e o de
sermos saudáveis.
“Que seu remédio seja sua comida, e que sua
comida seja seu remédio”.
Continuando, eu sempre fui gorda, quando
pequena. Não culpo nem perdoo ninguém. Eu também comia porque pedia mais e
mais. Só que eu comia porque me ofereciam. E me ofereciam porque sabiam que eu
aceitaria, e comeria mais e mais. Isso acaba se tornando um círculo vicioso,
que acaba com o ser humano. Poucas são as pessoas que conseguiram sair dele.
Acho que esses círculos viciosos fazem tantas voltas com nossas vontades, que
acaba nos deixando tontos e incapazes de nos recompormos e sair do
círculo. O círculo que não tem fim. Mas
também depende de nós. Às vezes nós pensamos “Ah”! “Não vai fazer mal eu comer
só mais um pedação dessa bomba de chocolate...”. Só que precisamos pensar que
essas coisas nos enrolam: e pedem para serem comidas mais uma vez, que puxa a
próxima e a próxima vez. Mais um problema: acabamos comendo demais. Essas
“porcarias” não nos saciam. E, pensamos, temos comer mais, porque a fome ainda
não foi saciada. E acabam obesos, comendo, comendo, comendo, comendo, comendo,
comendo e comendo.
Agora, para enganar as crianças, usam-se
personagens. Como? Em embalagens. Embalagens de produtos como picolés,
salgadinhos, doces, salgados, sucos e refrigerantes. Qual criança não gostaria
de comprar um produto, que tem o seu personagem favorito estampado na
embalagem? Quem não gostaria que, quando fosse ao McDonald’s e comprasse um Mc
Lanche Feliz, viesse uma bonequinha ou uma Tartaruga Ninja? É tudo uma
enganação. E muitas vezes, de tanto pedir, as crianças acabam conseguindo o que
querem dos pais.
E depois, para se recuperarem de uma coisa
que leva uns cinco minutos, vão cinco anos para queimar os quilinhos a mais.
“Não existe
tendência para engordar. Existe tendência para comer.
Millôr
Fernandes.”
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