sexta-feira, março 04, 2016

O Mistério Mora ao Lado

O Mistério Mora ao Lado

Lucas morou na mesma casa desde que nasceu. Conhece todos os vizinhos. Mas isso tem de mudar...
Lucas nunca se mudou de casa desde que veio ao mundo. Tem duas irmãs mais jovens, gêmeas. Apesar de serem iguais, uma é gordinha e outra, uma Maria-Palito. Como se já não bastasse viver com uma irmã que adora comer, mas não pode, nem com uma que come sem parar para ver se engorda um pouquinho, Lucas havia acabado de receber um irmãozinho. E sua mãe não podia sair sem ser abordada por Carminda, que era a maior fofoqueira da rua. Mas desta vez, o assunto até deixou-o intrigado.
 _A vizinha soube que tem morador novo?
Ela, sempre que começava um papo, não terminava mais. Até ser “podada” pela mãe de Lucas. Ele queria ouvir mais. As únicas coisas que ouvira era que o vizinho era esquisito, que não saía de casa, que vivia com um monte de gatos e que de noite, na casa, é possível serem ouvidos vários gemidos... Lucas queria mais.  Como o empolgadíssimo avô advogado aposentado, ele também tinha essa curiosidade para fatos esquisitos e “encucosos”. Quando sua mãe retirou-se, a fim de fazer os serviços, Lucas abordou dona Carminda. Esta se fez de desentendida, e quando Lucas pressionou-a, ela desconversou. Sua mãe chamou-o para dentro, e pela primeira vez na vida, Lucas queria conversar com a vizinha mais do que nunca.
Lucas namorava com Lorena, de mãe negra e pai branco, ela branca e seu irmão negro. O desafio dele era a fazer superar o auto racismo, já que ninguém acreditava que ela tinha um irmão. Outro desafio era saber o que se passava com seu Evaristo, já que aconteceram vários problemas. Era o seguinte:
Uma sombra vigiava todas as crianças à noite. De dia, nenhuma criança ficava mais sozinha. Um guarda diurno e noturno as cuidava. O caso deu polícia, e todas as suspeitas recaíram sobre Evaristo. Foi um mandato de busca e apreensão que descobriu que... O velho nada tinha a ver com o caso.  E, afinal, ele era só um esquisitão, mesmo!
Mais coisas aconteceram: uma denúncia anônima para a Vigilância Sanitária fez com que Evaristo perdesse suas únicas companhias: os gatos. E como se não bastassem mais moradores novos, desta vez, sobrinhos de Evaristo. Estes eram tão misteriosos quanto o tio. Não saíam carrões importados na garagem, uma linda camionete lustrosa e muitas caixas FRÁGEIS eram destinadas a eles. Com o tempo, Lucas descobriu junto com seus amigos, Mocréia, Alemão e Marinheiro, que os sobrinhos de Evaristo recebiam visitas á noite, e depois de uma pequena perseguiçãozinha, descobriram que o visitante deixava o carro na outra rua. Lucas, que continuou com a campana investigativa, soube que, depois de roubado, o visitante nem se deu pela falta do carro. Só se fez de desentendido. Ele deveria ser muito rico para poder comprar outro, depois de um roubo. Seu avô, advogado aposentado, adorava ler jornal. E foi assim que eles descobriram outra coisa...
A notícia falava que mais dinheiro do Banco estava sendo desviado por uma quadrilha qualificada. BINGO! Lucas comentou o que achava. Tinham que morar numa rua calma, o visitante para desvio de dinheiro precisava ir a casa deles, e nada mais seguro do que deixar o carro na outra rua! O avô concordou. Eram os sobrinhos do seu Evaristo! Depois de uma ligação para um amigo de seu avô, descobriram que o endereço conferia. Só podia!

Um mandato de investigação anônimo na polícia fez com que os parentes de Evaristo desse “tchau tchau”! Eles descobriram o mistério! Mistério mesmo eram as vozes e gemidos, mas isso é outra história. O avô de Lucas presenteou-o com um PC 486 e impressora, para o mesmo escrever o primeiro livro: O Mistério Mora ao Lado. Lucas ajudou Lorena a superar o racismo, e juntos viveram felizes. Talvez se casasse e tivessem filhos, talvez depois de um tempo decidissem que não dava mais. Mas e o livro? É isso que você acabou de ler! Ou melhor, fica a dúvida: esse é o RESUMO! O livro ainda é um mistério...

terça-feira, março 01, 2016

O Rei da Rua

O Rei da Rua
Adilson era um menino de onze anos, que sempre morou na Rua Quatro, paralela com a Rua Cinco, em Belo Horizonte. Com sua turma, vivia feliz, sempre empinando pipa nos morros e descendo as ladeiras de skate ou na bicicleta, para tristeza de sua mãe, que não aguentava mais aquelas saidinhas do filho. Chego tarde, não, mãe, eram suas palavras, sempre que saía de casa. Procurou sua pipa e saiu sozinho em direção ao morro, onde certamente encontraria sua turma. Decerto já estariam empinando. E não deu outra. Foi só olhar do cantinho do olho para o alto do morro e já encontrou pontinhos amarelos, rosas, vermelho, azuis...
Chegando ao alto do morro, Adilson soube que Chico Lampreia e sua turma estavam atacando. Não demorou muito para que os dito cujos subissem ao morro, com o papagaio na mão, pronto para competir. Ele e sua turma queriam apenas folia, isso tirando que seu principal objetivo era rasgar a pipa de Adilson. Se o garoto entregasse a pipa, estaria assim concordando com o Rei da Rua, como assim auto identificava-se Chico Lampreia. Chegou a casa com a seda da pipa rasgada, o bambu da armação partido ao meio. Mas recebeu os parabéns de sua turma por não ter se entregado, não ter desistido. Apesar disso, Chico faturara cinco pipas dos adversários, o que já o tornava um “filho da gansa”, aos olhos de Adilson. Depois de realizar as tarefas, uma hora já tinha se passado. Seu pai não tardou a chegar, querendo saber como foi o dia do filho, perguntando se não havia brigado. Negativo. Mas, de um jeito ou de outro, o pai ficou sabendo da competição, e repetindo o ditado: “quando um não quer dois não brigam”.  Mas aquilo não se aplicava à Rua Belmiro, muito menos ao Chico Lampreia.
Logo Adilson saiu. Ia ao parque de diversões noturno, e prometeu que voltaria antes das vinte e uma horas.  Encontrou-se com metade de sua turma e foram ao parque. Avistaram três garotas, entre elas a namorada de Adilson, Dorinha. Dorinha era uma morena de cabelos cacheados e olhos de ressaca, uma garota politicamente correta, que não queria briga nem intriga. Sabendo que Chico Lampreia tinha vendido briga e que a turma de Adilson tinha comprado, o coitado do Adilson ficou sem companheira para a roda gigante. No final, ele tomou outro caminho e foi para casa, enquanto sua turma fazia o pagamento da briga que compraram. E assim veio o dia seguinte, a Lua tomando o lugar do Sol e o Sol tomando o lugar da Lua. Mais brigas, a Lua tomando o lugar do Sol e o Sol tomando o lugar da Lua... A turma de Lampreia cada vez mais brigona.
Brigas e mais brigas, Adilson não sabe que o que verdadeiramente está disputando com Chico é não só sua namorada, Dorinha, mas bem como o título de Rei da Rua, os principais pontos de brincadeira e o domínio da outra turma. Adilson fica decidido a ignorar Lampreia, seguindo o conselho de seu pai. E a turma de Lampreia desconfia. Tenta encurralar a turma separada, mas a mesma sempre passa longe da Rua Belmiro. Até que, finalmente, Chico decide verdadeiramente colocar em risco seu título de Rei da Rua, fazendo uma honesta (?) competição de futebol. Opas! Eu disse HONESTA? Perdão, caro (a) leitor (a)! Chico Lampreia não é de jogar limpo. Seu plano mesmo era que, se não ganhassem na bola, ganhariam no braço. E a possibilidade de perderem nos dois era nula. Para eles, pelo menos. O plano parecia perfeito, ainda mais com um craque no futebol do seu lado, Zé Bernardes, que tinha uma fome por bola impressionante! O outro time, time Atenas, aceitou a luta proposta pelo time Esparta, nome do time contrário. Na realidade, o que Adilson queria não era ganhar da Rua Belmiro, e sim, conquistar a liberdade e o respeito que todos merecem. Poder brincar nas ruas de cabeça erguida, sem ter de pedir permissão ao Chico, e dar esta liberdade aos outros garotinhos mais novos era um sonho!
Problema número um: arrumar um treinador. Ora, todo time bom tem um treinador!
O treinador podia ser um problema, mas por fim arrumaram um ex-jogador, o seu João-Silvino, para treiná-los. O time Esparta treinava um pouquinho de tarde, sempre com um espião no turno da manhã, para ver como o Atenas estava se saindo. E eles treinavam mal de tarde, mas era uma encenação. O time dava toda a potência de tarde, no terreno abandonado atrás da casa de seu João.  Treinaram todas as possibilidades de ataque surpresa, defesa e goleiros: sempre focando no fator surpresa. Treinaram até o dia do jogo, em que o Esparta quase ganhou, mas a organização do time Atenas foi melhor que qualquer muque para soco, como o plano de Chico. Ganharam a liberdade de goleada, e mostraram ser capazes de enfrentar a discriminação com honestidade e que o muque não vale nada, se a pessoa não tem bom coração.
Depois do jogo, Adilson se encontrou com Dorinha. Ela pediu desculpas, os dois trocaram-se beijinhos e tiveram o desprazer de presenciar uma placa sendo colocada sobre a terra, onde acontecera o jogo pela liberdade, a luta contra o preconceito. A placa dizia:
BREVEMENTE, NESTE LOCAL, CONDOMÍNIO RESIDENCIAL DALLAS.
E esse é o fim da nossa história, de um belo livro, fim de um preconceito, começo da liberdade.

domingo, fevereiro 28, 2016

Produção Textual MANCHINHA

Produção Textual
Língua Portuguesa, meu primeiro texto na escola nova.

Era um lindo dia. Manchinha, uma simpática bruxa que adorava a prima Vera, decidiu fazer juntamente com seus botões, um alegre passeio por uma praça primaveril. Ia toda animada, saltitando entre rosas e margaridas, apreciando o voar das borboletas ao seu redor. Isso parece perfeito, não é? Perfeito até demais. Como Manchinha era uma bruxa muito agitada, apreciou tudo, porém, cansou. Simplesmente cansou. Então, como sempre carregava consigo um livro de “Contos Enfeitiçados”, meio terror, suspense e aventura, tratou de ocupar seus olhos com a leitura. Porém, tudo era calmo. Não tardou para que ela dormisse.
Manchinha dormiu por três horas, tal era o silêncio do lugar. Uma garotinha passou com sua mãe por Manchinha e comentou com a mesma:
_Olha mamãe! Olha aquela tiazinha, que dorme em vez de ver as flores! Ela é louquinha da silva!
Quando a garotinha e sua mãe deixaram o local, todos os personagens de seu livro ganharam vida! E eles gostaram de nosso mundo. A bruxinha ficou um tanto assustada, mas afinal compreendeu que eles queriam liberdade, não queriam ficar expostos à umidade nem as traças, queriam liberdade. E liberdade é o que todos merecem, não é mesmo? Liberdade de expressão, de gostos, liberdade religiosa, sexual... É o respeito que todos querem e fazem por merecer. E afinal, sempre aprendemos mais com as diferenças do que com as igualdades!