Meus Anjos da Guarda
Eu tinha ganhado uma bola nova. Bola de futebol.
Adoro jogar futebol. Já tinha jogado no campo, no ginásio... Mas sempre com meu
pai. Cheguei a convidar um amigo meu, mas fora isso só o meu pai. Por uma
semana inteirinha, só com o meu pai. Porque minha mãe estava trabalhando e não
podia brincar conosco. Mas eu não estava nem aí. Divertindo-me, estava bom. Bom
demais. Acho que, se fosse possível à
união de pessoas com objetos, seria comigo e com a bola. Futebol é meu esporte
favorito, e eu só jogo com o time segunda-feira e sexta-feira, no ginásio do
meu colégio. Mas fora isso é só com meu pai. Até que, finalmente, chega o final
de semana, e minha mãe está livre para o que der e vier! De manhã fomos andar
de bicicleta, voltando tão suados que, se torcesse a roupa, a água pingaria. Meus
pais dormiram, depois de enchermos o estômago com arroz, feijão, ovo e saladas,
enquanto eu tentava acabar a continuação de um texto. Eles acordaram por volta
das 14h00min, e meu pai avançou na melancia, enquanto eu e minha mãe nos
deliciamos com uma boa uva. A proposta foi a seguinte: de jogarmos futebol,
juntos. Dei pulinhos de alegria! Era a primeira vez que a mãe jogava com a
gente! E fomos para o pavilhão, que já sabíamos que se encontrava fechado.
Tinha um campinho de futebol atrás, mas estava cheio de meninos e estava
trancado. Não me sinto muito confortável perto de TANTOS meninos... E vimos um
pedacinho de grama, livre, onde poderíamos jogar. Tinha uma parede do ginásio,
que usaríamos como gol. Só não podia chutar alto. Até que, num dos bicudos de
minha mãe, a bola voou mais longe do que deveria. Adivinhou? Foi parar lá em
cima. Era muito alto e não tinha como pegar. Briguei com minha mãe, disse que
era culpa dela. Eu adorava aquela bola. Não dava para pegar escada. Não tinha.
Decidimos esperar até segunda-feira, para pegarmos em segurança. Os meninos nos
olharam, e pareceram compreender a situação. O campinho esvaziou-se, e
sentamo-nos na sombra para discutir. Até que eles reapareceram. Para minha
surpresa, eu mesma não acreditei: eles traziam com eles uma ESCADA! Encaixaram
no teto e um corajoso subiu. Minha mãe achou que eles tinham ido pegar a bola
deles, mas enganou-se: era a nossa! Depois de reclamar dos passarinhos mortos
lá de cima, ele jogou a bola para nós. Ai, que felicidade! E, quando olhamos
para um bando de meninos, pensamos que estão desocupados, vadiando, sem nada
para fazer que tenha uma real utilidade. E a sensibilidade deles, em notar que
alguém necessitava de ajuda, foi o máximo! Nunca pensei que isso aconteceria...
Minha mãe disse que merecia um texto, e aqui está! Eles, sim, foram uns
verdadeiros “anjos da guarda”. O mundo simplesmente precisa de mais gente como
eles, prestativa, atenta e disposta. Mais tarde comentamos:
_Acho que eles já devem ter passado por essa
situação!
Situação que só uns “anjos da guarda”
podem resolver. Não é mesmo?
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