domingo, novembro 27, 2016

Minha Cartinha para o Papai Noel...

Querido leitor (a)! Essa é a minha carta para o “Papai Noel”, criada com a intenção de fazer uma surpresa para meus pais e fazê-los rir. Pode-se dizer que deu certo...

                 Uma cartinha para o Papai Noel                  
   
    Querido Papai Noel (conhecido também como papai e mamãe)!
   Mais uma Natal que não significa nada para mim chegou, e como todos os outros, irá passar. Eu sei que você (Papai Noel) é apenas uma figura criada pela mídia para promover vendas e fazer propaganda para a Coca-Cola, mas estou escrevendo para não perder o costume e para testar minha caneta nova, então...
  Mas, aproveitando essa carta inútil para alguém inexistente, tirando papai e mamãe que estão lendo isso agora, gostaria de pedir algo que não depende de você , figura da mídia, e sim da minha família e de mim, saúde (depende de nossa alimentação e exercício), paz (se nós não brigarmos) e muito amor (que coincidência! Não depende de ti, também!).
   Para não perder a viagem nem mais tempo escrevendo uma segunda carta para um ser idiota, fantasioso e inexistente, quero pedir um novo roller para auxiliar no meu desempenho, equilíbrio e exercício. De qualquer maneira, vou ganhar isso igual: não depende de ti, já que mamãe está olhando meu presente neste exato momento no Mercado Livre.
   Um feliz Natal para você, ser insignificante, incoerente, fantasiosa invenção da mídia.
   Hô-hô-hô...


domingo, novembro 20, 2016

Cenas do Cotidiano IV

 Cenas do Cotidiano IV

Biblioteca do Colégio Geração, Florianópolis, SC, logo depois do meio dia. No dia seguinte, nossa turma teria trabalho literário e eu havia reunido meu grupo para discutirmos nosso livro, escolhermos a dedo nossas falas e treinar para uma boa apresentação e consequentemente uma boa nota. Ensaiamos, anotamos, discutimos e conversamos, chegando a falas que todos concordavam e que satisfazia a vontade do grupo.
Depois de muito tempo, quando já havíamos acabado e decorado tudo, fomos fazer as tarefas. Interrompidas por vozes alteradas, que pertenciam à Nessie (Vanessa, bibliotecária; Nessie é o apelido que dou para ela) e mais um aluno, pelo jeito descontrolado, achando que o que realmente valia de sua personalidade eram cifras, ou seja, seu dinheiro. Lembro-me da conversa, era mais ou menos assim:
_Eu pago esta escola, não pago? Tenho o direito de estar aqui, tanto quanto você!
_Você tem o direito de ficar aqui em silêncio. Em toda biblioteca é assim, ou nunca visitou uma?
_Já visitei, sim! Várias, por sinal! Fui à Biblioteca mais importante do estado, se tu queres saber!
_Mas não parece, ou foi expulso daquela também? A biblioteca que tu mencionaste não é a mesma daqui. Temos regras como qualquer biblioteca, regras que você não sabe respeitar. Pare de me conversar e saia logo daqui! Está atrapalhando o estudo dos outros!
-Cuidado com o que fala! Eu vou falar com a diretora!
_Fale, fale, e não se esqueça de dizer a ela para ver as filmagens de seu desrespeito.
O garoto dá as costas para Nessie, sai pisando duro e bate a porta com um estrondo. O desrespeito dele foi muito grande, e a pobre Vanessa não merecia isso. Sentou em sua cadeira, tentando parecer calma. Eu ainda não entendia como o desrespeito de alguém por um igual pode ser tão grande, mais valendo novamente o dinheiro que tem. A pessoa não é mais pessoa: é apenas um valor, uma cifra de conta bancária. Aliás, esse é um padrão que se repete em todas as escolas que estudei, em várias cidades das quais morei. Será que a escola apenas reproduz este estereótipo do mundo, com o perfil de aluno? Sempre os mesmo padrões? A escola não deveria acabar com isso, criando novos valores, com mais cultura, respeito?

Saindo dos muros da escola, minha experiência também se aplica ao mundo de hoje. Em qualquer lugar, cidade e loja, as pessoas mais bem vestidas, com o melhor carro, que tem uma aparência melhor, são sempre as mais bem tratadas, mais bem recebidas e atendidas pelos vendedores, sempre com a preferência. O mundo é realmente um amontoado de cifras, reproduzido pela escola e reforçado pela humanidade.

sexta-feira, novembro 18, 2016

Cenas do cotidiano III

Por que poucos têm muito e muitos têm pouco? O dinheiro sempre foi algo que nos diferenciou (mudando de país para país). E, em qualquer lugar, verás que muitas pessoas possuem pouquíssimo dessa riqueza, enquanto muitos se banham em rios da mesma. Quando o país é novo, a riqueza, ainda não construída, é prometida a todos os trabalhadores (já que são eles que a constroem). Prometem que a dividirão igualmente, que nada faltará. Será?
Quando se vai ao Mercado Público de Florianópolis, é preciso ir de coração preparado, que não era meu caso no dia de hoje. Há sempre aqueles que costumam parti-lo, entristece-lo e incapacita-lo. Aquele costumeiro vendedor de “chip”, que fica o dia inteiro repetindo a mesma palavra, vários daqueles gritando a quem quer que seja “compro ouro e pago bem!”. Pode até ser aquele belo som, gostoso de ouvir, de talentosos músicos ambulantes. Sempre que vejo um, fico triste por não poder melhorar e sua situação, porque é de certeza que ele não escolheu fazer aquilo para sobreviver.
Caminha, caminha, compra e compra, chegamos onde queríamos: numa loja de chocolates. Na entrada, vimos um menino mulato, carinha de pidão, olhos para baixo e cabeça encurvada, encostado na parede. Entramos na loja, compramos o que queríamos e, quando fomos sair, aquele garoto falou conosco:
_Vocês tem uma balinha para me dar, para eu vender?
Mamãe que falou com o menino.
_Onde estão os seus pais, garotinho?
_Minha mãe está em casa trabalhando, e ela trabalha tá?
Respondeu o garoto. Mamãe acariciou seu ombro e disse:
_Menino, menino... Vá para casa, a rua não é lugar para você, tu podes sofrer violências na rua. Vá para casa.
O garoto apenas assentiu com a cabeça, como se fosse se agarrar nestas palavras carinhosas de mamãe. Talvez fosse realmente o único carinho que tenha recebido.
Logo depois de termos virado a esquina da loja de chocolates, bateu uma grande vontade de voltar e dar uma barra a ele. “Por que diabos não reagi?”, “Deveria ter dado algo para ele, o menino não tem culpa de estar nesta situação”, “Quando chegar em casa, darei o título de besta máxima para mim mesma; o menino precisa mais do chocolate que eu, e eu posso muito bem passar sem. Mesmo que ele não o venda, talvez o coma. Pode ser o único alimento que ele terá nestes dias”, era pensamentos que rondavam minha cabeça como urubus, fazendo com que eu ficasse com dores na cachola.

Será que ninguém se sente mal em ver este menino nesta situação? Será que esta cena incomoda apenas a mim e a ninguém mais? A exemplo da ave que escrevi dias atrás (Cenas do Cotidiano I) parece-me que ninguém é responsável pela situação deste menino.

domingo, novembro 13, 2016

Cenas do cotidiano II

Cenas do cotidiano II

Como nossa vida é curta... A maioria dos seres humanos sequer chega aos 90 anos. Mas isso é muito tempo. Ou pouco? Se comparar aos outros seres vivos, pouco e muito. Muito e pouco. Depende da espécie. Um grande e forte elefante? Pequena e delicada borboleta. É delas que falarei, ou melhor, de um em específica.
  A mariposa-atlas (atlas-attacus) vive apenas por um dia. 24hs. Sai do casulo e, de tão pouco tempo de vida, sequer tem tempo para uma primeira refeição. Procura um parceiro para acasalar e dar continuidade para a espécie. Ambos morrem depois do seu tempo de vida, juntos, missão cumprida. Fim da linha. Fiéis um ao outro, literalmente até que a morte os separe.
   O homem, que vive tanto tempo, sequer se preocupa com seus semelhantes. A mariposa dá continuidade à espécie, e o homem, que vive por tanto tempo (se comparado à mariposa) não faz nem isso nem nada. Será que não poderia fazer mais, aproveitar mais? Viver mais? Ser mais?
  A vida passa por todos. Todos passam pela vida. Mas... Quanto tempo ainda nos resta? Aproveita, pois quem saiba tu só tenha mais 24hs?

  

Cenas do cotidiano I

Cenas do cotidiano I


    Ser humano. Já tão anestesiado pelas porcarias que dominam sua vida, não se interessam mais nem por seus iguais. Moradores de rua suplicam por uma mísera esmola, passa fome, frio, medo. Ignoramos tudo, porque nos é preferível colocar fones de ouvido e fingir que não existe. É mais fácil do que ajudar um igual. Um ser vivo que sente, pensa, age. Existe. Ignorado.
    Tudo inicia num domingo, enevoado e um pouco frio. Nossos planos para ir à praia foram frustrados, em decorrer da água fria. Em vez disso, para nos aquecer, fomos nos aparelhos da academia ao ar livre, perto do trapiche, na Beira-Mar Norte. Depois de certo tempo, já com dor de cabeça (eu costumo ficar de ponta cabeça em todos os aparelhos, então era normal uma dorzinha), sentei-me numa mesa de pedra para tomar água e logo papai se juntou a mim. Foi ai que o vimos.
    A ave estava nadando em nossa direção, um tanto desengonçada. Suas remadas eram mínimas e fracas, como se não tivesse mais forças e que sua vida dependesse disso. E, depois, eu não duvidaria desta informação. Cansada, conseguiu impulsionar-se para fora d’água com uma batida de asas, que custou muito do seu esforço. Aprumou-se numa pedra e ficou por ai, tremendo e recuperando suas forças.
    Fiquei cuidando, pelo olhar, o que aquele lindo ser faria. Logo voaria? Morreria? Nadaria? Logo, falei para mamãe que se apressou em dar uma espiada. Ela ficou preocupada, pois o bichinho poderia estar sofrendo de uma hipotermia. Como não havíamos pegado nosso celular, pedimos um emprestado de uma senhora que também se exercitava no local. Explicamos a situação e ela cedeu seu aparelho telefônico para uma ligação. Mamãe telefonou para o 190, que a mandou ligar para tal número, que pediu que ela ligasse para número tal e assim por diante.
    Depois de uma hora (pareceu-me uma eternidade, já que me recusava a desgrudar os olhos do pássaro) mamãe estava prestes a esgoelar alguém, tal era seu nervosismo. A ave (coitada!) já havia feito inúmeras tentativas de se aquecer e voar, porém, nenhuma resultava em nada. Tremendo, ela abria e fechava as asas, desesperada. Mais desesperada quando se debateu contra as pedras, tentando numa inútil tentativa, voar.
   Surpreendo-me ao ver a delicadeza das pessoas de hoje em dia. Vendo o estado da pobre ave, preocuparam-se em apenas achar o melhor ângulo para uma foto. Ouvi até uns dizendo que isso era normal (experimente bater a cabeça contra uma pedra: depois me diga se aquilo é normal) e que o pássaro estava apenas esperando os peixes (odiei ouvir aquilo: que tipo de ave treme de frio e se bate contra as pedras para alimentar-se?).
    Apareceu, depois de mais um tempo, um fotógrafo apreciando a paisagem. Naturalmente, papai foi conversar com ele. Infelizmente, fotografar não era profissão para o homem, e sim, hobby. Talvez a polícia ambiental e outras dessem mais valor ao animal se a imprensa estivesse vendo. Do mesmo jeito, o homem tirou fotos do animal e mandou para o e-mail da mamãe, que ligou mais uma vez para a polícia ambiental etc.
   Finalmente, apareceu o primeiro guarda. Decepcionamo-nos ao saber que ele estava fazendo apenas a ronda do dia no trapiche, mas concordou em reforçar aviso sobre o pobre animal. De pouquinho em pouquinho, a ave recuperava suas forças, embora ainda tremesse incansavelmente. Estava mais ousada, batia as asas com mais força e estava mais atenta ao ambiente.
   Ainda não entendo porque, para todos os números que fizemos uma ligação, jogaram o problema para cima, como uma batata quente estragada que ninguém quer e passa para o outro. Uma vida, passando de mãos em mãos, chamada por chamada telefônica. Se dependesse deles e a ave estivesse prestes a morrer, morreria mesmo.   

domingo, outubro 30, 2016

Floripa

Floripa

Eu falo de uma cidade
Florianópolis é seu nome
Eu falo de uma cidade
Que sofre com a ação do homem

Suas belas e lindas praias
Atraem muitos visitantes
Mas será que ninguém para pra pensar
Mesmo que só por alguns instantes?

Mesmo belas, poluídas
As praias da capital
Cuide-se com a virose
Pra não acabar no hospital

Do leste da ilha, não poderia deixar de falar
Joaquina, Praia Mole, muito boas de surfar
Hmm, esqueci de algo?
Respondo: só que não!
Não poderia esquecer-me
Da Lagoa da Conceição

Do sul, quanta coisa interessante!
Praias de Pantano do Sul
Camarões do Bar do Arante
Deliciando-se com uma onda refrescante

Já o norte, a cultura açoriana
A bela “beira-mar”
De St. Antônio de Lisboa

Falei do norte, sul e leste
Faltou o oeste, nosso continente
Que tem o seu valor
Abrigando muita gente

Uma coisa vou lhe dizer
Se esta ilha quiseres preservar
A atitude precisa mudar
Mais fazer do que falar

Brancos, negros
Índios, açorianos
Ricos, pobres
Homossexuais
Cada um tem suas diferenças
                          E os direitos precisam ser iguais

domingo, outubro 16, 2016

Viagem ao "centro da Terra"

Viagem ao “centro da Terra”...

  Uma viagem para Brusque e Botuverá, visitando um Zoo Botânico, conhecendo um Centro Astronômico, vendo uma cachoeira e babando pela Caverna de Botuverá, considerada uma das cavernas mais importantes do Sul do Brasil. Essa foi uma de minhas excursões do colégio onde estudo, que tive de usar muito poder de persuasão para convencer papai de assinar minha autorização e dar-me dinheiro para cobrir o valor da passagem (R$106,00). Mas tenho certeza de que cada real desse valor compensou, e muito, minha longa viagem.
  A saída aconteceu no colégio, às 07h30min, onde vi vários dos meus colegas. A maioria levava consigo uma mochila, e arrependi-me de levar uma espécie de mala pasta. Ela continha tudo o que eu achava que precisaria para a viagem: duas garrafas d’água, minha bolsinha com dinheiro para despesas pessoais, uma banana para comer na viagem, minha pastinha para anotações, canetas minha fiel lapiseira. Isso sem contar o que levei para distração, dois livros para o caso da viagem estar muito chata.
  A viagem passou longe de ser “chata”. No banco da van, sentei com uma amiga minha, onde conversamos sobre provas, músicas, gostos. Ouvimos algumas músicas, rimos e ouvimos o que outros falavam. Logo comecei a ficar sonolenta, pois a chuva açoitava os vidros da van e lembrava a minha cama quentinha... Mas a fome (e o barulho) me impedia de dormir. Logo chegamos a Brusque, no Centro Astronômico. Tivemos uma palestra sobre os astros com o astrônomo Silvino, vimos estrelas, imagens de supernovas, estrelas nascendo...
  A prática, céus! Céus, mesmo, vimos um telescópio gigantesco, num observador com telescópio, teto que gira a 360º... Foi muito impressionante ver aquilo de perto. Parecia que nós estávamos girando, não o teto! Enfim, depois disso, fomos liberados, todos com fome e cansados.
  Com fome, meu primeiro pensamento foi sacrificar a ida ao Zoo e ir ao restaurante. Mas, como havia outras pessoas que queriam ir ver os animais, outras queriam comer, e o nosso professor que acompanharia a viagem fez uma votação, indo pela minha opinião.
  Ele me deu duas opções: ir rapidinho no Zoo para ver os animais e plantas ou não ir ao Zoo, não conhecer animais e plantas e ir direto ao restaurante. Claro, optei pela primeira opção, apesar de parecer que meu estômago dava murros nas minhas costelas em protesto. Comi minha banana para enganá-lo, mas estômago não se adianta enganar. Pelo menos eu o esqueceria.
  Chegando ao Zoo, quase não pudemos entrar. Como a chuva havia nos atrasado, obviamente que chegamos depois da hora marcada ao Zoo. A moça que nos acompanharia havia marcado outro compromisso, e disse que poderíamos ter avisado, que adiantaria as coisas para ela, etc. Mas, no fim, cedeu. Poderíamos entrar, mas ela não poderia nos acompanhar. Foi outro professor que nos guiou pelo caminho.
  Começamos a ver os animais, entre eles, aves, saguis, raposas, araras, gatos, pumas, onças, gralhas, jabutis, caracarás, papagaios, emas, porcos, tucanos, cobras, lagartos, enfim, um monte mesmo. E, céus! Vi o animal que mais me interessava, o que acho mais belo, fofo, gracioso: a onça! Parecia uma dama quando andava, perfeita, leve, sofisticada!
  Logo após, fomos ao restaurante. A comida tinha um cheirinho bom, tanta coisa boa que dava até pena de comer. Mas meu estômago roncando não me dava tempo para isso... Devorei tudo, e comprei de sobremesa um picolé simples de coco. Conversei com minhas amigas e fui ao banheiro (afinal, nossa van não tinha banheiro, então, era bom prevenir-se). Depois de uma meia hora, embarcamos novamente na van, rumo a Botuverá para a Caverna. Tentei dormir para reservar minhas energias para a Caverna, mas quem disse que eu consegui? O barulho de música, risada, fofoca, conversa e grito foi tanta que sequer consegui pregar os olhos. Demorou, mas chegamos a Botuverá.
   Para chegarmos na Caverna, assistimos a um pequeno vídeo sobre a mesma e os cuidados que se deve ter ao entrar nela, bem como algumas curiosidades sobre. Você sabia que para uma estalactite\estalagmite crescer apenas 10cm² é necessário 100 anos? É muito tempo. Por isso, temos que preservar bem as cavernas, pois não vamos vê-la outra vez daqui a cem anos.
  Entrando na caverna, perdi o fôlego e, realmente, quase caí. No teto, estalactites pendiam como se fossem delicados lustres verticais. Do chão, estalagmites cresciam como se fossem árvores, porém, menores. Eu estava na sala do Órgão, a maior e mais bela das salas, na minha opinião. Andando mais um pouco, entramos na sala da Geleira, onde nosso guia desligou todas as luzes e pediu para nosso grupo fazer silêncio. Foi assustador. Logo, chegamos na última sala: a da Catedral, bela e imponente. O guia nos contou que havia outras três salas, mas para o uso da fauna que ali vivia. Foi o dia mais impressionante e delicado da minha vida...

    Voltamos. Esse foi o pior momento. Sair de um paraíso de cavernas e voltar para minha vida monótona e repetitiva de sempre. Mas voltei, minhas memórias não. Nunca voltarão. Tenho um pedaço de mim em cada canto que visitei, levo um pouco dos outros, deixo um pedaço de mim. Amo cada lugar de um jeito único, vivo cada dia como se não houvesse amanhã, e mesmo sabendo que o amanhã exista, aproveito bem o dia. Afinal, o ser humano é fruto de suas experiências. Boas e ruins. Porque, afinal, a vida não é um mar de rosas... 

sábado, outubro 08, 2016

Como tratamos animais como objetos

Como tratamos animais como objetos

  Animais... Geralmente, derretemo-nos por algum cachorrinho ou gatinho que tenha olhos grandes e pidões, geralmente os menores e mais novos. Vamos num pet shop, compramos ração, areia (se for gato), alguns brinquedinhos e uma caminha, tudo para o conforto e bem estar do animal. Mas... Você, amante de animais fofinhos, limpinhos e cheirosos, conhece apenas esses. Limpinhos, fofinhos e cheirosos. E os outros?
  Outros... Mas como assim? Estou falando dos animais de rua. Aqueles que as pessoas de coração duro (porém, tem um gato ou um cachorrinho fofo) ignoram ao passar na rua, pensando que são pesteados, têm pulga e são malcheirosos. Mas por que você não adota aquele de rua também? Afinal, com cuidados, ele pode sim ser fofinho, limpinho e cheiroso, como aquele que você tem em casa. Aqueles que param nas ruas.
  Geralmente, gatos e cachorros são abandonados sem dó nem piedade. Ficam à deriva, desorientados e, ao contrário dos donos que o abandonam, os procuram de novo. Porém, na rua, o animal pode sofrer tantos maus tratos... E falo isto com experiência própria. Adotei, certa vez, um gatinho de rua, já velho, mas bem cuidado. Ele morreu porque pessoas más o envenenaram.  Numa outra vez, adotei outro gato vira-lata que estava com uma séria queimadura no dorso. O animal retribuiu meu carinho, e era tão peralta e brincalhão que o chamei de Teteco. O gatinho (coitado!) morreu envenenado, também, pela mesma pessoa sem coração.
  Mas existem, também, pessoas boas. Que tem dó dos animais e tenta dar um destino melhor que as ruas e maus tratos para o bicho. Uma delas? Conheci hoje! Indo ao exercício, na Beira-mar Norte, depois de um tempo, fui ao trapiche ver os peixes e conversar com os pescadores. No caminho, encontrei uma moça com um cachorro preso numa coleira, e de longe notei que o coitadinho tremia muito.
  Comecei a conversar com ela, e fiquei sabendo que não era cachorro; era cadela! Soube que seu nome da moça era Ana Paula e que havia encontrado a cadelinha nesta manhã, no trapiche. Nem dera nome nem banho, para tentar não apegar-se ao animal. Porém... Inevitável! Deu-se bem com a cadela, e ela também fez laços de amizade com sua outra cachorrinha, também de rua.
  Falou-me que viera para procurar o dono da cadela, se é que havia um. Percebia-se, sem muitos esforços, que a cadelinha implorava para a moça. Dizia “por favor, não me deixe, não me abandone! Você vai me levar, né? Diz que vai!!”. Tremia, nervosa, perdida, carente. Como o pelo estava bem cuidado, imaginei que não poderia ser da rua desde que nasceu. Óbvio, alguém havia sido dono dela antes, enjoado, descartado como um brinquedo quebrado.
  Oras, é um animal! Tem sentimentos, ao contrário de muitas pessoas, que os compram quando tem os ataques “bichinho fofinho, eu quero um!” e acaba enjoando, como se o “bichinho fofinho” fosse um brinquedo velho, que já havia enjoado. Quando o solta, geralmente na rua, o animal sente de tudo: frio, fome, maus tratos e o que não falta nesse mundo é gente má.

  Animais sentem, animais amam. Sente fome, carinho, frio, abraços. Ama quem os ama. É um companheiro para todos os momentos, bons ou ruins. Não é brinquedo, que podemos usar, abusar e descartar. Respeite os animais, como você quer ser respeitado, como ele ama, como você ama. Afinal, também somos animais. Alguns de coração mais puro, outros nem tanto. Como animais, às vezes, somos selvagens e sem coração. Prove que você possui um. Ame. 

sábado, outubro 01, 2016

Num dia chuvoso e nublado...

O que eu faço, com um tempo nublado?

Dia de chuva é muito engraçado
A chuva que cai deixa o vidro embaçado
Ah, não posso fazer nada...
Se mamãe não pode sair para fazer trilha, fica danada!

Num dia de chuva, a cama nos convida
Me pega de pijama, cansada, desprovida
Mamãe diz para levar, eu respondo:
Vou ficar na cama. Duvida?

Quando chove, o mundo fica frio
Mesmo debaixo de cobertas, sinto arrepios
Se saio da cama, já me esfrio!
E não sou só eu: mamãe e papai também tem calafrios.

Não tem nada para fazer
Procuro me distrair com qualquer coisa como ler
Mas, no fim, fico sem saber
Se tudo isso, no dia, foi legal pra valer

É tão ruim ficar sem fazer nada
Sem computador, pois no mundo já tem muita gente alienada
Em casa, trancada
Tudo isso por uma chuvinha de nada

Mas, logo passa!
Com banana verde, fazemos biomassa
Esmaga-se com garfo

Põe a mão na massa!


sábado, setembro 24, 2016

"Aforismos" da Bia

Aforismos” da Bia

  Às vezes me dá uma raiva de tudo, e fico tão raivosa que logo esqueço e percebo que não era raiva: era orgulho, de achar que o mundo gira em torno de si e que seu umbigo é o núcleo da Terra. Sério, ninguém liga mesmo...
  O tempo não é nada. É apenas uma invenção do homem para cronometrar seu próprio apodrecimento.

  Ás vezes nada importa. Nem mesmo você. Olhe para ti e te veja como realmente é, marionete capitalista, palhaço. Isso incluí eu e você.
  A tristeza é uma reação que depende da interpretação individual de cada um.
  O orgulho é uma explosiva mistura de raiva e desprezo.
  A raiva de uma pessoa é uma justificativa banal para erros passados, só que não admitimos tamanha idiotia.
  Saudade é o amor que passa e fica.
  Comparo meus sentimentos de amor e ódio com água e óleo: além de não se misturarem, um é mais complexo que outro.
  Ondas são vidas e vidas são ondas: vem e vão constantemente. Maré baixa. Maré alta. Ressaca.
  Ficar sem palavras é pior ou nem tão quanto que levar uma bofetada no rosto. Pelo menos, é assim que me sinto.
  Aprendizado é aquilo que fica depois de ter filtrado o que decoramos. Em suma, sobra pouco.
  Medo é o respeito ampliado sobre seus temores, que você sabe não ter coragem para enfrentar.
 Família é um conjunto de pessoas que se amam. Estou falando da família harmoniosa.
  A espuma-do-mar é igual as nossas lembranças: dissolvem-se, e vez por outra vem à tona.
  Emoções são como ondas: fortes, frias, inabaláveis, mistas, confusas. Vem e vão com o passar do tempo, à sua maneira.

terça-feira, setembro 06, 2016

Uma empolgante visita

  Minha avó nunca fez várias coisas, como viajar de avião, passear de barco, andar de bicicleta ou até mesmo ver o mar. Filomena nos visitaria e permaneceria onze dias conosco, em Florianópolis. Veria coisas diferentes o que vê em sua cidade (Alpestre-RS) e, talvez, iria permitir-se romper essas correntes cheias de limites que prendiam seus pulsos fortemente.
  Vovó chegou de avião com mamãe. Nós havíamos planejado sua estadia aqui para ser a mais confortável e prazerosa quanto possível. Mostraríamos o mar, que a mesma chamava de “rio”. Sendo assim iríamos para a PRAIA! Foi o que fizemos depois de uma trilha.
  A trilha da Costa da Lagoa proporciona aos seus visitantes uma vista linda. Uma pena que a vó não parecia estar curtindo muito... A cada oportunidade, olhava para mim e movia os lábios formando a frase “vamos logo embora”! Eu apenas sacudia a cabeça negativamente. Em sua cabeça, tinha coisas a fazer em casa (serviço doméstico, almoço e etc.). Ela não estava se permitindo. Ainda estava acorrentada.
  A ida na praia da Joaquina foi um desastre. Minha avó sequer teve coragem de encostar o pé na areia, quanto mais molhar a ponta do dedão na água. Definitivamente, ela não estava permitindo-se. Se fosse preciso, eu ajudaria.
  Perto da nossa residência, há um parque. O Parque da Luz. Seria perfeito irmos brincar, nos divertir e nos desinfectar. Mas quem disse que me diverti? Vovó, mais uma vez, não fez nada e não me deixou fazer nada. Preocupou-se com minha roupa, dizendo que meu short era curto demais, que minha blusinha mula-manca (que deixa meio ombro aparecendo) era apertada demais, que não era para mim usar essas coisas vergonhosas e assim por diante, Mais uma vez, o divertimento daquela tarde foi zero.
  Mas não se preocupe! Ainda  tínhamos programações e tempo de sobra. Fomos na praia da Guarda do Embaú, catar conchinhas, surfar e mostrar para Filomena a beleza do oceano. Fizemos uma trilha linda que terminava em costões de pedra, as quais agradaram vovó para sentar-se. Voltamos, almoçamos e fomos para a praia. Como o Rio da Madre se junta ao mar, teríamos que passar o Rio para ir à praia. Eu e papai fomos nadando (ambos com pranchas; papai com a de surf, eu com a de BodyBoard), e mamãe e vovó de barco.
  Na praia, o desastre foi maior. Assim que mamãe colocou o biquíni, vovó quase colocou um ovo. Disse que mamãe não tinha vergonha e mandou-a cobrir-se. Mas em vão. Não vamos para a praia de casaco, não é? Vovó resmungava coisas como “uma mulher de respeito”, “justo minha filha” e “perdeu o juízo”. Peguei a prancha e fui para o mar. Advertida, antes, pela minha avó, que falou para ter cuidado nas ondas e não ir muito fundo. Primeiro pensamento: sei nadar. Segundo: vou me divertir de um jeito ou de outro. Dito e feito. Amei o dia.
  O último dia em que vovó esteve aqui passou muito rápido. Fizemos a trilha do Gravatá, para mostrarmos as belezas do local para minha avó. Ela sentiu-se mais à vontade nas pedras de granito. Brincou que seu chapéu voava porque o vento não tinha um e achara o dela. bonito, o que achei fofo e engraçado. Finalmente, começara o corte de suas amarras.
  Se o chapéu voando foi engraçado, não supera a hora de pagar o almoço. Almoçamos no Boka’s, da Lagoa da Conceição, e a vó fez questão de pagar nossa comida. O preço final foi R$ 153,90. Mas acho que nunca demorei tanto para comer um prato, principalmente de camarão... Pegando sua carteira, vovó puxou tudo o que tinha. Uma. Duas. Três notas de R$ 50,00; as moedinhas caíram e se espalharam por todos os lados. Realmente, hilário.
  Eu e o pai queríamos andar de stund up, mas a Lagoa estava agitada e ninguém estava alugando as pranchas com aquela condição. Voltamos para casa, e no dia seguinte, vovó partiu. Sua ida me entristeceu mais do que gostaria de admitir. Sua visita não foi de toda ruim. Nem tão boa. E talvez tenha sido sua última visita. Mas conformei-me: eu a amo, é isso que importa. Ela veio, e havia levado um pouco de nós. Ela veio, e deixou um pouco de si. Vovó, se estiver lendo isso agora, sabia que eu te amo. E muito.

sexta-feira, agosto 19, 2016

As coisas que eu gosto

Num dia ensolarado, quero surfar
Já na chuva, prefiro em casa ficar
Porque se sair, vou me molhar
E demorará para me esquentar.

Numa tarde, pedalar
No futebol? Joelho a ralar
Quando vem visita? Quanto falar!
Nas provas, questões de assinalar.

Quando faz frio, cobertor já na mão!
No café da manhã, melão e mamão
Se é pra comer? Reclamação
Pra mim, amigo é como irmão.

O melhor tempero? Pra mim, açafrão
Mas avisarei, já de antemão
Que o gosto é ruim, pior que limão
Um amor é pra sempre no meu coração

Numa piada, sorriso estampado
Sorri o chão quando é limpado
Mas não limpar o terreno! Vira descampado
Amo cada jeito como deve ser amado.












domingo, julho 31, 2016

A Trilha do Cambirela

A Trilha do Cambirela

Novamente, a curiosidade de minha mãe fez o texto que conto para vocês. Como já lhes disse, queridos (as) leitores (as), minha mãe tem uma paixão incomparável por trilhas. Desta vez, seu coração a atraiu para uma montanha conhecida, que faz divisa entre Palhoça e Santo Amaro do Imperatriz, que fica na Serra do Tabuleiro. Adivinhou? A paixão foi ao Cambirela, que tem 1.043 metros de altura. A visão de cima é melhor que a do Google Maps! Só que, para ter esta visão, é necessário muito mais do que uma câmera com alguns “cliques”! Hmm, farejei a curiosidade. E ela vem de você. Quer saber como foi? Acompanhe-me!
Depois de vermos algumas informações na internet sobre a montanha, decidimos que, para montanhistas amadores como nós, seria mais seguro ir pelo caminho sem tantos obstáculos. Segundo o tio Google, o caminho certo seria a Trilha 1, a mais curta. Todas elas tinham escalada. Sobre a Trilha 3, não havia relato algum. As mais famosas eram a 1 e a 2, que possuía escalada e era a mais comprida. Fomos pela 1.
Seguimos pela BR 101, no sentido sul – Florianópolis - Garopaba. Levamos mais ou menos uma hora para ir do Centro de Florianópolis até a estradinha que ligava ao acesso da trilha, pouco depois do Km 222. Essa informação nós encontramos na internet e somos gratos ao homem que a publicou em seu blog, já que ela estava correta e nos levou ao lugar exato do início da trilha. Aqui, aliás, destaco a importância de as pessoas terem consciência e responsabilidade em publicar coisas na internet. Não foi uma única vez, em nossas andanças, que seguindo informações publicadas na net, constatamos que as mesmas estavam erradas. E isso nos custava tempo, desgaste... Então, penso que se alguém publica algo na rede, deve publicar com responsabilidade, prestando, assim, um serviço a quem vai buscar determinada informação, e não o contrário. Voltando a nossa aventura, nos deparamos com algo sobre o qual não havia informações na internet. Precisamos PAGAR o estacionamento. Antes fosse por motivo. R$10.00? Não estávamos preparados. Na carteira havia apenas R$9.40. Pagamos com o que tinha, e felizmente foi aceito, mesmo ficando devendo R$0.60.
A simpática moça nos indicou o começo da trilha por um caminho poeirento de terra. Os cachorros que a mesma mantinha nos acompanharam latindo, mas logo desistiram. Nos alongamos bem, de tudo quanto é jeito: costas, braços, antebraços, pescoço, gastrocnêmio, perna. Que comece a trilha. Começamos a caminhar. Passamos por uma pequena floresta de Pinus (Pinus Elliottii), e entramos em mato fechado. O início foi bonzinho conosco: o caminho não era tão alagado, a trilha, razoavelmente reta e as subidas, poucas. Mas logo começou: subiu, subiu, subiu. Se eu cansava só de olhar para o morro, imagine estar no morro.
Não foi tão complicado assim no início. Nós parávamos, de vez em quando, para tomar água ou pegar um graveto, vez por outra brincando entre nós. Chegamos numa árvore caída, mas viva, cheia de pichações. Dezenas de nomes escritos a faca, facão e canivete. Pobre árvore, para suportar tantos cortes. É um ser vivo, afinal. E nenhum deles merece sofrer. Brincamos com ela. Descansamos sob a copa das outras, e, por estar caída, nos deu assento para descansarmos.
Logo, pulamos sobre ela e prosseguimos. Andamos, andamos, andamos, andamos. Logo, começou a subir mais. Mais e mais. Ainda bem que havia raízes e cipós para nos segurarmos, fora o solo que era compactado e não escorregava sob nossos pés. Chegamos a uma pequena, minúscula fonte d'água. Tentamos encher os litros d'água, mas… Sem sucesso. Era pequena demais. Um pouquinho mais para frente, achamos outra. Novamente, pequena. Mas possuía um cano: água diretamente da montanha. Não pegamos, pois ainda havia da nossa que havíamos trazido, uns bons quatro litros.
Subimos mais. Eu, sempre na frente. Estava me achando a “EmBianca Jhones”! Para quem conhece o Alcemar, da rádio Atlântida, sabe do que estou falando. Chamava meus pais de “ledesmas”, por irem tão atrás e tomarem cuidado até por demais. Não que não fosse bom. Eu estava pensando que, ao chegar no topo do Cambirela, o almoço estaria me esperando.
Confesso: minha força de vontade surpreendeu-me. Numa ocasião perigosa, eu nem me dava conta do pânico. Já encontrava a solução e avança ainda mais. Sentava, tranquila, numa pedra e ficava olhando uma desacreditada mãe paralisar quando a situação era extrema. Foi hilário. Meu pai tentava incentivá-la: dizendo que já estávamos quase lá. Ela desacreditava. Dizia que deveria faltar uns 50% da trilha, que blá-blá-blá. Eu estava meia alheia a tudo aquilo. Se pensasse muito, creio que paralisaria e não conseguiria prosseguir, pois o perigo aumentava a cada passo avançado – exposição à altura, solo erodido e ravinizado, pedras enormes com fendas que, se alguém caísse nelas, certamente seria engolido ou quebraria uma perna.
Logo a vegetação ficou rasteira. Se a visão já era incrível embaixo, na vegetação mais alta, imagine ali. Parecia… uma imagem de satélite. A terra deixou de ser firme. Agora, tudo era resvaladio. Para piorar, não havia sequer um galho, uma raiz para nos fixarmos. Foi no muque, mesmo. Subir, subir, subir. O medo de meus pais aumentavam, porque a exposição a que estávamos era grande, também. Mas, finalmente, chagamos ao que se pode chamar de topo. Na verdade, não era bem o topo final. Restavam ainda alguns metros para atingir o topo de fato. Mas decidimos não ir até ele porque havia dois homens lá, sabem o que fazendo? CAÇANDO. Os tiros eram disparados muito próximo de onde estávamos. Ficamos com medo de levar uma bala perdida. Fiquei muito incomodada com aquilo. Onde já se viu caçar? É preciso? Não dá para ir ao açougue comprar carne para comer? Tem que matar os poucos animais que ainda restam na natureza? O homem, definitivamente, é a pior espécie que há. Não consegue viver em harmonia com a natureza. Tem que destruí-la... Não se conscientiza de que é parte dela. Deitei-me, morta de cansaço. O esforço foi muito. Duas horas e vinte minutos de subida. Mas, recompensou. A vista era maravilhosa. Divina! Encontramo-nos com uma família, que falou-nos que iriam fazer churrasco, mas não havia lenha, então eles desceram. Pegamos a marmita e encostamo-nos em umas pedras, desfrutando de nosso merecido almoço que minha mãe havia feito e havíamos levado na marmita, como sempre fizemos quando vamos para trilhas, já que é mais econômico, saudável e nutritivo.
Como o cansaço estava grande, estendemos dois lençóis na pedra – que minha mãe havia levado na mochila e arrumamos nossos casacos como travesseiro. Meus pais cochilaram, mas eu não consegui pregar os olhos. Sendo assim, fiquei de vigia, caso algum corvo aparecesse. E tinha muito sobrevoando aquelas alturas. E como eram lindos! Enorme, pretos, soberanos! Meus pais acordaram, após uma cochilada de uns quinze ou vinte minutos, nos alongamos (depois de massagear a perna da minha mãe, que alegava dor e câimbra intensas), e iniciamos a descida.
Foi meio que um escorregador gigante, pois a terra simplesmente não aderia aos nossos calçados. Resvalamos até embaixo, onde começava o lugar de segurança. E um erro seria fatal! O precipício estava muito perto, para tragar os incautos. E não queríamos ser esses. Ufa! No caminho encontramos algo muito desrespeitoso para com o meio ambiente: duas latas de cerveja jogadas no meio do mato. Só para ter uma ideia, uma lata de alumínio leva mais de 1.000 anos para se decompor naturalmente. Recolhemos e guardamos: a natureza agradece.
As pernas de meus pais, segundo eles, tremiam de tanto esforço físico. O que estava doendo, para mim, era o rosto e as mãos: o motivo é que eu arranhei os dois. O rosto, apenas o rosto, eu havia batido duas vezes em galhos que eu não havia visto. Nas mãos, por ter raspado e segurado em lugares indevidos. Mas não me dei por vencida: continuei indo na frente. Encontramo-nos com um casal e duas crianças pequenas. Não duvido que tinham quatro, cinco ou seis anos, no máximo. A mulher, notavelmente, estava pulando de brava. As duas crianças, assustadas. O homem, muito seguro de si, puxava o resto a família. Já era tarde, quase quinze horas, que foi o horário que chegamos no início da trilha e eles estavam recém COMEÇANDO a trilha! Meu pai avistou uma fogueira e achou que era deles. Perguntou. Eles disseram que não. Só podia ser, então, a fogueira da família que passou por nós no topo. E estava acesa. Não era de surpreender-se se logo se alastraria e provocaria um incêndio de grandes proporções no Cambirela. Apagamos, e o homem nos disse que já havia feito a trilha, em quarenta minutos. Cruzei os dedos. Duvido. Eles seguiram, e nós também.
No caminho, discutimos. Ou eles ficariam de noite, ou algo ruim aconteceria. Oras, que com o devido juízo levaria criancinhas naquela montanha gigante? Se meus pais quase não aguentaram, capaz que as crianças aguentariam! Meu conselho é: JAMAIS levar crianças pequenas nessa trilha, pois o risco de morte é realmente grande. Não é uma trilha para crianças, nem para pessoas desprovidas de um bom condicionamento físico. Realmente, três horas de descida fragilizaram nosso porte muito mais do que duas horas e dez minutos de subida.

Chegamos no carro. O contraste do congestionamento que pegamos e o morro que havíamos acabado de subir era gigantesco. E saber que, em um futuro, não sei se em médio ou longo prazo, aquela montanha enorme, linda, irá erodir. Um dia irá desaparecer, pois o solo, principalmente próximo ao topo, está muito erodido e ravinizado Será que, mesmo com tudo o que está acontecendo, o orgulho humano desaparecerá? Por que o poder público não assume a gestão desse lugar de forma mais efetiva? Por que não se restringe o acesso das pessoas lá, a um determinado número por dia? Fiquei pensando em um grande número de pessoas – que é o que vimos lá – pisando naquele solo fragilizado constantemente. Por que as trilhas não recebem manutenção? Por que não há ninguém por lá dando informações corretas e reais do perigo? Até quando o Arcanjo terá de ir lá para atender aos inúmeros chamados? Não seria mais racional prevenir essas situações? Ficam aí esses questionamentos, lançados a todos e todas. 

quarta-feira, julho 20, 2016

Um condomínio esquisito

Um condomínio esquisito


Eu moro num condomínio
Um condomíno esquisito
Aqui, tudo é proibido
Brinquedo, gente, mosquito.

Não há nenhuma criança
Quando tem, proibido brincar
Não se pode brincar de bola
Porque pode incomodar.

Nesse lugar, nada se pode
Aqui, se vive sozinho
Como alguém pode viver
Sem ter amor e carinho?

É só alguém pisar mais forte
O vigia vem avisar
Que aqui nada se pode
Ou alguém pode reclamar.

Subir rampa de bicicleta
Um carro pode atropelar
Desse jeito chato de viver
De tédio vão me matar.

segunda-feira, julho 11, 2016

Lixo: um problema de cor e cheiro

Lixo: um problema de cor e cheiro

Pela praticidade, escolhemos as coisas mais fáceis de fazer ou preparar. Oras, não é mais fácil e prático comprar um Miojo de micro-ondas para o almoço do que ter de comprar o macarrão que não é instantâneo e ainda por cima ter de prepará-lo? Não importa. Ambos geram algo que existe, mesmo que longe do alcance dos nossos olhos: o lixo.
Quem mora em apartamentos sabe. Eu, por exemplo, levo o lixo para o ponto de coleta do nosso andar todos os dias. Ora cheio, ora vazio, o lixo que deixamos ali acumula tudo o que, supostamente, estraga e não pode ser reaproveitado. Supostamente. O consumo ultrapassou os limites.
No lixo, encontramos muitas coisas; desde fraldas usadas até materiais tóxicos. Por falar neles, os mesmos estão muito presentes em nosso dia a dia. Ou noite a noite. Sabia que nossos travesseiros são revestidos de materiais tóxicos? Significa que você passa com a cabeça apoiada num material tóxico pelo menos 8hs por dia.
Mas, pessoal, convenhamos: não existiria TANTO lixo se não fosse pelo consumo que corre desenfreado pelo mundo! Numa dessas muitas crises que tivemos, a solução proposta não foi educação, segurança, justiça, ética! Foi-nos incentivado a comprar, consumir, comprar, consumir!
O cidadão, hoje em dia, não é conhecido como educador, educando, trabalhados, etc. Ele é visto como CONSUMIDOR.
Algumas coisas nos levam a consumir. Se chutou “não se sentir bem consigo mesmo” ou “consumir porque precisa, dãh”, errou. Agora, se pensou em “mídia”, acertou (não que a mídia seja a única coisa que nos leva a consumir; existem vários fatores, e a mídia é só uma). Muitas crianças pedem para os pais comprarem coisas pela propaganda de TV relacionado ao objeto, ou porque tem Elsa ou Bob Esponja estampado na embalagem do produto.
Exemplos? MCLancheFeliz. Você compra e… Surpresa! Junto, de “brinde” (coloquei entre aspas pois NÃO é brinde, afinal, PAGAMOS por ele) vem um brinquedinho que brincamos, no máximo, 30mins e jogamos no armário ou no lixo, o que estiver mais perto.
O tal brinquedinho fica esquecido, vemos mais TV, que diz que MCDonald's lançou outro, compramos, brincamos, enjoamos, descartamos e por aí vai. Mas esses “brinquedinhos”, feitos de plástico não podem ser reciclados. Por quê? Porque plástico é feito de petróleo, o que significa que jogamos um combustível fóssil valioso e escasso fora toda vez que tomamos refrigerante (ou outros) e jogamos sua embalagem fora.
Outra coisa que critico é uma suposta solução para o problema do lixo: os 3Rs. Reduzir, reciclar e reutilizar. Na minha opinião, reciclar deveria ser nossa última opção para o autopoliciamento. Os meus Rs ficariam assim:
REPENSAR o que fazemos. Será que precisamos mesmo de tudo isso?
RECUSAR tudo. Recusar tanta informação, recusar todo o ciclo capitalista de viver.
REDUZIR o nosso consumo. Não podemos parar completamente de consumir, mas realizar o mesmo de uma forma reduzida.
REUTILIZAR o que pudermos. Se não pudermos separar o lixo para a reciclagem, reaproveitar é o melhor caminho.
RECICLAR tudo. Não só o lixo, mas as ideias que temos agora para realmente evoluirmos o mundo.
Mas, espere! Há coisas que não podemos reciclar, como uma caixa de leite, que possui uma camada de papel, metal e plástico. Dessa maneira, é impossível separá-los. Isso é planejado pelos produtores de tudo isso. Sabe como? De dois modos:
Obsolescência planejada: um jeito bonitinho e complicado para se falar de uma coisa é fabricada para ir ao lixo.
Obsolescência perceptiva: a velocidade que eles acham para um produto estragar.

Viram como é? Não se preocupe. Dá tempo para uma virada radical, no consumo e no comportamento de todos. Recicle seus pensamentos e antigas ideias. Recicle o mundo de hoje, torne-o melhor. Depende de você.