domingo, janeiro 25, 2015

Viagem ao Paraíso

Viagem ao Paraíso

 Estive em Florianópolis. A viagem de ida foi tranquila, mesmo considerando que eu passei sono por um bom tempo para manter meu pai acordado e que dormir no Gol ficou desconfortável. Não tinha muita certeza se eu ainda teria coragem de chegar em Florianópolis para ir para a praia e nadar no dia seguinte, haja vista que de Sobradinho, onde atualmente moro, até Florianópolis, são quase 12 horas de viagem, considerando o trânsito congestionado. Meu pai só ficava perguntando para minha mãe “já chegamos a Torres?”, e quando ouvia o “não” em resposta, reclamava “Que coisa! Parece que quanto mais eu ando, mais me distancio de Torres!”. Fora as minhas perguntas de “a gente já chegou?” para mamãe. Sempre amei praias, bem como as que têm ondas médias e dá para nadar.
 Quando chegamos a Florianópolis, pegamos um pequeno congestionamento para ir para a praia de Pântano Sul. Mas conseguimos. Paramos num posto de gasolina para abastecer o carro, nos “desabastecermos” de um líquido amarelo chamado xixi, e, principalmente, colocar o biquíni.  Demorou um pouquinho para chegarmos na praia, pois a mesma me parecia bem retirada, mas quando tive a “primeira vista da primeira onda” vi que tinha valido a pena todo o esforço das 12 horas de viagem. Deixamos o carro num lugar próximo e fomos nadar (só eu e meu pai fomos. Minha mãe morre de medo de água, por isso, ficou tomando um bronzeado). Achei legal aquela praia, dava para nadar e eu dei uns bons biquinhos.  Mas, como todas as outras vezes em que fomos na praia, minha mãe quis explorar o lugar. Meu pai aceitou, juntamente comigo (aceitei de mau gosto pois tinha gostado da água e não tinha visto nenhuma água-viva viva ou água-viva morta). Minha mãe contou-nos que tinha um acesso a uma linda praia chamada Lagoinha do Leste, e que o único lugar onde era posssível o acesso era uma trilha que, como falava o blog de trilhas  (https://blogfloripa.wordpress.com/conheca-o-deolhonailha/trilhas-florianopolis-deolhonailha/).
 Não queria fazer a trilha, mas quem segura a minha mãe quando meu pai apoia? Tive que aceitar e me despedir da praia. Arrumamos nossas coisas para levar (água, sacolinha plástica, maçã e barrinha de cereal) e partimos para onde uma funcionária nos explicou que era o começo da trilha. Vimos outras pessoas querendo subir também, e, como nós, estavam meio perdidos. Mas foi só perguntar para um vendedor de artesanatos para sabermos que já tínhamos passado a trilha. Fomos para onde ele indicou e uma moradora nos perguntou, com aquele sotaquezinho catarinense: “Vocêiss esstão indo para a Lagoinha? Já passsaram a trilha.”
Raivoso, voltamos uns três metros e vimos, pintado no chão com tinta uma flecha indicando a trilha. Como poderíaos NÃO ter visto? Mas nos embrenhamos na trilha. Fiz a frente, competindo, às vezes, a frente com meu pai. Conhecemos um homem que nos ajudou um pouco na trilha, pois conhecia a praia da Lagoinha e a trilha como a palma de sua mão. Mas, numa curva mal feita, meu chinelo de dedo arrebentou. Tive várias ofertas de chinelo. Meu pai me deu um dele, mas não quis porque era muito grande e ficava pior do que ir com chinelo arrebentado. Minha  mãe também ofereceu, e eu não aceitei. Ficou deconfortável. Então resolvi ir de pé descalço. Não me arrependi, pois tive mais firmeza e, como diz os participantes do Desafio em Dose Dupla, ativa as mitocôndrias.
 Demorou um pouco para se ouvir o barulhinho magnífico do mar. Mas valeu todo o esforço que fiz. Chegamos lá e eu e o pai fomos nadar. Tentamos até chegar à Lagoinha, mas tinha uns espinhos esquisitos que se cravaram no meu pé (estava descalço) e se meus pais não me conhecessem, achariam que estava fazendo uma espécie de dança da chuva. Desistimos e fomos embora pela mesma trilha. Para mim, parecia que a trilha se encurtou. Estávamos “mortos” de fome e parece que esquecemos que tinha maçã e barrinha de cereal na mochila. Conseguimos voltar e fomos no primeiro restaurante que vimos. Pedimos uma porção de camarão (só de escrever o nome me dá água na boca!), outras duas de arroz, uma de salada e um suco de limão para mim. Teve uma genorosa porção de camarão. Comemos até encher a barriga.  Não sei como entrou o chocolate. Só sei que entramos no carro em direção ao hotel Bruggeman (onde tínhamos nos hospedado), passamos por baixo da ponte Hercílio Luz e adormeci. Não sei por quanto tempo, só sei que acordei com minha mãe me chamando para descer do carro e ir para dentro. Tínhamos chegado no hotel.
De noite, fomos para o shopping, onde comprei minha nova Monster High, a Catrine De Mew. Depois fomos a procura de um restaurante. Um funcionário do hotel tinha nos indicado um que, segundo ele, era muito bom. O Boka’s. Jantamos traquilamente e resolvemos comer ali na noite seguinte, pois a porção de peixe era generosíssima. Pena que ali não serviam almoço, só de sábado e domingo. Saímos e fomos para o carro, em direção ao Bruggeman. Era perto, e por isso logo chegamos. Eu, meu pai e minha mãe estávamos, literalmente, podre de cansados. Também, é subir trilha, é nadar, é caminhar... Mas achei que valeu as 12hs de viagem por um dia bom como esse.
No dia seguinte, minha família desceu as escadas (não usamos elevador) em direção ao café da manhã. Nossa! Aquele café servia de almoço e janta! Parecia mais um banquete do que um simples café! Ainda mais que lá tem PDQ (na minha família, abreviamos as coisas para brincar e abreviamos pão de queijo para PDQ, com as iniciais)! Tomamos o café em silêncio e saímos de carro. Era, finalmente, o dia da escolha de lugar do concurso que minha mãe tinha passado! Que dia feliz!
 Chegando lá, fomos direto para o Instituto e tivemos que esperar, pois o pessoal das 10:00 ainda estava lá e minha mãe era 30min depois. Passado alguns minutos, entramos na sala e todos estavam quietos. Quando chegou da escolha da área de Português, me deu um frio na barriga, mas fiquei atenta no telão. O primeiro colocado, como sabíamos, escolheu Criciúma. A segunda, para tristeza de minha família, escolheu Tubarão e o quinto (que era um negro que fez para vaga reservada e passou, portanto, escolhia na frente de minha mãe) escolheu Araranguá. Minha mãe escolheu Xanxerê.
Saímos de lá e fomos para um restaurante. Não lembro o nome,só sei que foi uma delícia almoçar ali. Foi lá, também, que papai e mamãe decidiram ficar mais um dia em Floripa. Voltamos para o hotel, dormimos, vesti meu biquíni e  fomos para a praia dos  Ingleses. Aquilo sim que eu chamo de praia! Nossa, cada onda! Porém, teve uma em que eu quase me afoguei! Nunca vai me sair da cabeça. Vi peixe, piranha, lambari, água-viva morta... Nunca vou esquecer.

Pena que era hora de ir embora. De noite, eu sentia a onda me puxando, a água nos meus pés, a mão do meu pai me puxando para mim não me afogar... Tudo sonho. Acordamos, tomamos café e fomos embora. Tchau, Florianópolis, tchau paraíso! Porém, ainda quero voltar, e não só de passagem, mas voltar para morar e poder conhecer tantas belezas! Não sei como as pessoas destroem a natureza, sabendo que ela é tão bela e tão importante para nós!