sexta-feira, dezembro 05, 2014

O Curupira e o Caçador.

                                   O Curupira e o Caçador



   Esta história conta sobre um caçador que ficou perdido em uma floresta, densa demais para poder sair. Quanto mais o caçador andava, mais se embrenhava na mata.A noite chegou, e não demorou muito para ele achar uma árvore, grande o suficiente para abrigá-lo de répteis e aracnídeos, como a cobra e a tarântula. Mesmo assim, como um bom caçador, ficou atento a qualquer ruído.
   No dia seguinte, o caçador continuou a caminhada, à procura de alimento e de água. Então, o caçador se lembrou de um aventureiro que ficou perdido no meio da mata por uma semana até o resgate chegar. Havia um boato correndo de que o aventureiro sobreviveu comendo frutas e tomando a água que chupava dos musgos encontrados nas árvores velhas e caídas. Depois de se lembrar disso, o caçador resolveu prestar mais atenção nas árvores velhas, tombadas e também nas frutíferas, pois pensou que isso poderia salvar a sua vida. E prestou tanta atenção que viu, em uma clareira, uma árvore enorme, e pensou que, com tamanha altura, era velha. E ele acertou. Nela, havia musgo para vender, alugar e se quisesse, para distribuir grátis na grande São Paulo. O caçador se aproximou da velha árvore e, nela, para seu terror, dormia o curupira. Por um tempo, o caçador ficou admirando seus dentes azuis, seu cabalo cor de fogo e, como diz a lenda, seus estranhos [mas bonitos] pés virados. O caçador não pensou duas vezes : correu em disparada para uma moita próxima, com intenção de se esconder e ver o que o curupira iria fazer. Em minutos, o curupira acordou e, com água na boca disse :
 -Sinto cheiro de humano. Não acredito! Pela segunda vez nesse dia, tenho me acordado com o cheiro de humano bem perto de mim! Não vejo razão para um ¨sangue-ruim¨ entrar na mata!!! Bom, pelo menos já tenho um almoço para hoje, e com esse ¨sangue-ruim¨ tenho garantido o jantar!
   O caçador, que não quis virar virar janta de curupira, e, mais uma vez, correu em disparada, sem descanso, até chegar em uma pequena vila, onde pediu carona para um caminhoneiro até a vila vizinha,onde morava. Quando chegou em sua casa, viu sua família, sentiu uma felicidade invadindo o peito, de forme que nunca acontecera antes. Ele tinha pensado que nunca mais veria sua esposa, seus filhos, seus parentes... Mas a lembrança desapareceu, pois foi recebido com festa e com um super almoço, preparado por os melhores cozinheiros da vila.
  Depois de pensar em sua aventura, o caçador se lembrou dos lindos dentes azuis do curupira, pensando em arrancá-los para mandar a esposa [que uma vez trabalhou como artesã] fazer um colar para sua filha mais velha. O caçador sabia do risco, mas a tentação foi mais forte : pegou seu martelo e se embrenhou de novo na mata, à procura do curupira. Quando o  achou, o curupira estava dormindo  ao tronco da mesma árvore anterior, com a boca aberta. O caçador aproveitou a oportunidade para martelar seus dentes, a fim de arrancá-los. E conseguiu.
   Quando chegou à sua casa, o caçador pediu para a mulher para fazer um colar e, quando estava pronto, presenteou sua filha. Porém, isso tinha um preço : na noite, enquanto ele estava dormindo, o curupira veio e, com um golpe de faca, tirou a vida do caçador, usando suas costelas para fazer seus novos dentes.