sábado, outubro 08, 2016

Como tratamos animais como objetos

Como tratamos animais como objetos

  Animais... Geralmente, derretemo-nos por algum cachorrinho ou gatinho que tenha olhos grandes e pidões, geralmente os menores e mais novos. Vamos num pet shop, compramos ração, areia (se for gato), alguns brinquedinhos e uma caminha, tudo para o conforto e bem estar do animal. Mas... Você, amante de animais fofinhos, limpinhos e cheirosos, conhece apenas esses. Limpinhos, fofinhos e cheirosos. E os outros?
  Outros... Mas como assim? Estou falando dos animais de rua. Aqueles que as pessoas de coração duro (porém, tem um gato ou um cachorrinho fofo) ignoram ao passar na rua, pensando que são pesteados, têm pulga e são malcheirosos. Mas por que você não adota aquele de rua também? Afinal, com cuidados, ele pode sim ser fofinho, limpinho e cheiroso, como aquele que você tem em casa. Aqueles que param nas ruas.
  Geralmente, gatos e cachorros são abandonados sem dó nem piedade. Ficam à deriva, desorientados e, ao contrário dos donos que o abandonam, os procuram de novo. Porém, na rua, o animal pode sofrer tantos maus tratos... E falo isto com experiência própria. Adotei, certa vez, um gatinho de rua, já velho, mas bem cuidado. Ele morreu porque pessoas más o envenenaram.  Numa outra vez, adotei outro gato vira-lata que estava com uma séria queimadura no dorso. O animal retribuiu meu carinho, e era tão peralta e brincalhão que o chamei de Teteco. O gatinho (coitado!) morreu envenenado, também, pela mesma pessoa sem coração.
  Mas existem, também, pessoas boas. Que tem dó dos animais e tenta dar um destino melhor que as ruas e maus tratos para o bicho. Uma delas? Conheci hoje! Indo ao exercício, na Beira-mar Norte, depois de um tempo, fui ao trapiche ver os peixes e conversar com os pescadores. No caminho, encontrei uma moça com um cachorro preso numa coleira, e de longe notei que o coitadinho tremia muito.
  Comecei a conversar com ela, e fiquei sabendo que não era cachorro; era cadela! Soube que seu nome da moça era Ana Paula e que havia encontrado a cadelinha nesta manhã, no trapiche. Nem dera nome nem banho, para tentar não apegar-se ao animal. Porém... Inevitável! Deu-se bem com a cadela, e ela também fez laços de amizade com sua outra cachorrinha, também de rua.
  Falou-me que viera para procurar o dono da cadela, se é que havia um. Percebia-se, sem muitos esforços, que a cadelinha implorava para a moça. Dizia “por favor, não me deixe, não me abandone! Você vai me levar, né? Diz que vai!!”. Tremia, nervosa, perdida, carente. Como o pelo estava bem cuidado, imaginei que não poderia ser da rua desde que nasceu. Óbvio, alguém havia sido dono dela antes, enjoado, descartado como um brinquedo quebrado.
  Oras, é um animal! Tem sentimentos, ao contrário de muitas pessoas, que os compram quando tem os ataques “bichinho fofinho, eu quero um!” e acaba enjoando, como se o “bichinho fofinho” fosse um brinquedo velho, que já havia enjoado. Quando o solta, geralmente na rua, o animal sente de tudo: frio, fome, maus tratos e o que não falta nesse mundo é gente má.

  Animais sentem, animais amam. Sente fome, carinho, frio, abraços. Ama quem os ama. É um companheiro para todos os momentos, bons ou ruins. Não é brinquedo, que podemos usar, abusar e descartar. Respeite os animais, como você quer ser respeitado, como ele ama, como você ama. Afinal, também somos animais. Alguns de coração mais puro, outros nem tanto. Como animais, às vezes, somos selvagens e sem coração. Prove que você possui um. Ame.