Viagem para a Vovó I
Férias. Nada melhor do que ter férias depois
de passar 200 dias sentados numa cadeira, dentro da sala de aula, vendo todo o
dia as mesmas caras, mesmos rostos, brincando sempre da mesma coisa (se não era
pique esconde, era futsal). FÉRIAS!
Acho que aconteceu depois de eu dormir quando
voltei do futsal (eu faço treinos nas segundas e jogos na sexta). Como era rotineira,
minha mãe ligou para a minha avó. Estavam mais uma vez discutindo sobre o caso
deles nos visitas e vice-versa. Eu falei com ela, e minha avó disse que não
podia porque tinha que esperar “baixar a poeira”. E me convidou, fiquei em cima
do muro, dizendo que não podia. Disse-me também que o Sérgio, que é irmão da
minha mãe, viajaria com sua família para o Beto Carreiro World. De início, eu
não dei a mínima importância para esta informação, mas era logo viria a calhar.
Minha mãe desligou o celular e começou a travar uma pacífica conversa com meu
pai, dizendo que não queira por nada nesse mundo ver seu irmão. Eu, que estava
no meu quarto arrumando minhas “tranqueiras”, gritei:
_Mãe! A vó disse que o Sérgio não ia estar,
mas não disse nada do Matheus e da Ana!
Decidida que não o veria, talvez minha mãe
visse uma chance de ficar com meus avós. E deu certo. Com a vontade do pai,
mais a minha vontade de mexerica, minha mãe concordou, contanto que ficássemos
um dia. Melhor um do que zero. E fomos. Paramos em Chapecó comprar alguns
integrais e seguimos. Comi umas bolachinhas de tomate e umas pastilhas de cranberry e deitei, enrolando e
brincando para o tempo passar. Chegando mais adiante de Nonoai, o carro pulava
a todo o momento: buracos. Senti-me mal, e eu sabia o que aconteceria, mas não
me dava por perdida. Decorrido meia hora, avisei minha mãe: estou com enjoo.
Ela me deu uma sacola plástica, e eu verifiquei se estava ou não furada. Enfiei
meu rosto na sacola e ali fiquei com o estômago embrulhado. Eu estava fazendo o
possível para aquilo não acontecer. Mas mudei de ideia: eu estava sofrendo e,
para que o sofrimento cessasse, era preciso que acontecesse. Entreguei a sacola
para minha mãe e, instantaneamente pedi de volta. Coloquei minha cabeça e
aconteceu. Vomitei. Fiquei com mais nojo ainda de meu vômito e vomitei de novo.
E de novo. E novamente. Cessou. Tomei água e me livrei da sensação de estar
suja, garganta ardendo. Depois de mais caminhos tortuosos e esburacados, chegamos
a Alpestre. A decoração na cidade estava bonitinha, porque todos estavam
antecipando-se para o natal. Subindo um grande morro, mais ou menos na metade,
chegamos à casa de meus avós. Minha vó estava descendo a ladeira, rumo ao carro
que ali se encontrava estacionado. Corri atrás dela e não a achei. Voltei com
meus pais e fomos recebidos pelo meu avô. Ele parecia mais animado do que o
Antônio que morava com meus tios. Abracei-o e vi minha vó. Corri e fiz o mesmo
com minha vó. Eu a adoro. Muito querida. Perguntei o que ela foi fazer, e para
minha surpresa ela comprou milho! Eu adoroooooo milho! Entramos na casa e,
depois de muitos cumprimentos e recepções, como sempre, deram-me meu presente.
Ganhei a aposta que fiz com minha mãe: ela achava que a vó ia dar-me roupa, e
eu achava que era brinquedo, provavelmente uma Barbie. E acertei. Apesar de ser
uma das Barbie falsificada, o que vale é o carinho e a intenção. Guardei-a com
carinho e entoquei-me no quarto de visitas para ler, pela segunda vez, Harry Potter e o Enigma do Príncipe. J.K
Rowling é muito criativa. Perdi a noção do tempo, e estava quase na hora de
almoçar. Acho que só voltei a pôr os pés no mundo porque minha vó anunciou:
olha o milho! Fui a primeira a correr para a cozinha e pegar para deixar esfriar
um milho. Não me importei se queimasse meus dedos. Importava-me em comer aquela
“deliciura”. Delícia. Logo chegou a hora de comer. Tinha churrasco, que era já
costumeiro, arroz branco (na falta do integral...) e mandioca, isso fora a
salada. O arroz, eu não posso colocar defeito nenhum; eu repeti o prato de
arroz duas vezes. Mandioca, que eu não gosto muito, não peguei. Agora, um
churrasco ia bem. Experimentei um pedaço e senti queimar minha língua: eu tinha
esquecido completamente que o vô gostava de muito, mas muito sal. Eca!
Era isso que eu tinha vontade de dizer. Mas, eu não queria parecer reclamona. E
o sal estalava na minha boca. Já ouvi falar de sal fino. Lembrei-me do sal
grosso. Só podia ser. Aí captei que o vô estava falando que tinha temperado na
hora com sal grosso, porque com o fino tinha que temperar com meio dia de
antecedência. Disse, também, que se responsabilizava pelo excesso de sal, e que
poderíamos pedir impeachment contra ele. Caímos na risada. Acabei o almoço, eu
sequei a louça, mamãe lavou e vovó guardou. Guardarei também a continuação das
próximas horas para outro texto, e quem quiser dar mais algumas gargalhadas,
tem um texto esperando... Até a hora de voltarmos para casa e a “aventura”
acabar.
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