quinta-feira, janeiro 24, 2019

O Senhor dos Anéis - Barbárvore 
Fatos que chamaram minha atenção I 

   Nessas férias (que me pareceram mais curtas do que as anteriores), dediquei-me à leitura de um livro que pertenceu à minha mãe e que há muito tempo ficou parado, num canto, na minha estante. Já havia tentado lê-lo quando era mais nova, mas uma mente de 9 anos não conseguiu compreender as mudanças de cenário e manter uma linearidade de pensamento diante de fatos descritos em 1092 páginas. 
   Enfim, tenho o orgulho de dizer: venci este gigante! E notei que esse gigante é muito maior do que eu pensava, e que sua riqueza não é apenas mitológica e histórica (embora, puxa, todo um universo tenha sido criado, com mapas, datas, línguas, letras e até árvores genealógicas! Incrível, incrível mesmo!). Acho que a principal riqueza de um livro seja o quanto ele nos faça pensar, aproximar a história de nossa própria realidade e o quanto ele nos avise das coisas (ex:. Aceitaram ser comandados, pouco a pouco, por um tremendo energúmeno *cof cof Boçalnaro cof cof*). Farei vários textinhos contemplando esses vários assuntos que despertaram minha curiosidade e me fizeram pensar. Cá está o primeiro. 
    Bárbarvore é um personagem que muito me chamou atenção. Barbárvore é o mais velho ent, um pastor de árvores mais novas, árvores com consciência. Esse é um detalhe interessante: as árvores mais desenvolvidas falam, caminham, guerream. São lentas na comunicação, pois sua língua, o entês, é muito complicada e demorada na pronúncia; sendo assim, os ents só falam algo que valha a pena ser dito, algo realmente importante (o que não acontece na sociedade de hoje: com a facilitação da linguagem, com as gírias, com novos meios de comunicação, qualquer um fala qualquer besteira a qualquer hora).  
    Outro fato não tão legal assim: os ents estão se acabando. Segundo o livro, as entesposas (esposas dos ents), foram se mudando para terras onde poderiam convencer a grama a se tornar um pouco mais verde, as flores mais belas e as frutas mais doces. Os ents ficaram onde estavam, cuidado de suas florestas e distanciando-se cada vez mais de suas mulheres. Sendo assim, a geração de ents não foi renovada, e não existe mais nenhum entinho (filhote de ent) para “ficar de semente”. Com isso, os ents estão escasseando e as florestas, minguando. Bem parecido com as florestas brasileiras, não? Devido ao desmatamento, às queimadas, à agropecuária e “n” motivos, restam menos de 8,5% da mata Atlântica. Menos de 20% do Cerrado. Menos de 80% da Amazônia. Há chance de recuperar o perdido, já que as entesposas (esperança...) vivem apenas na imaginação dos mais velhos ents? 
    E quando os ents vão para a batalha junto com Merry e Pippin? Nesse momento, Barbárvore fala algo muito marcante... Foi o seguinte: 
 claro, é muito provável, meus amigos- disse ele devagar- é provável que estejamos indo ao encontro de nosso destino: a última marcha dos ents. Mas se ficássemos em casa sem fazer nada o destino nos encontraria de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde. Esse pensamento vem crescendo em nossos corações, e é por isso que estamos marchando agora. Não foi uma decisão apressada. Agora, pelo menos, a última marcha dos ents será digna de uma canção. É- suspirou ele- podemos ajudar os outros povos antes de desaparecermos. Mesmo assim, eu iria gostar de ver as canções sobre as entesposas se tornando realidade. Iria gostar muito de rever Fimbrethil. Mas, meus amigos, as canções são como árvores: só dão frutos no tempo próprio, e à sua maneira: e às vezes murcham antes da hora.  
    Disso podemos tirar que as decisões sem pressa são as melhores; que ficar parado diante de um problema nada ajuda (que anular ou votar em branco quando você pode escolher a democracia em detrimento da ditadura não ajuda o país ir pra frente, tá ok?). E o principal pensamento: que a natureza é sábia, pensa, sente, luta e acaba, e apenas nós podemos ou não reverter essa situação.