Considerações sobre o livro “O Menino do dedo verde”
(Maurice Druon)
Um dia, na cidade de
Mirapólvora, nasceu um lindo menino chamado João Batista. Por influência dos
adultos, toda criança que recebia o nome de Maria, era modificado para Cotinha,
Antônio era Jucá ou Tônico e por aí vai. Com João não foi diferente. Logo que batizado,
os adultos não conseguiram mais pronunciar o seu nome e passaram a chamá-lo de
Tistu.
Tistu
era um menino de pele rosada, muito macia e cabelos louros e crespos na ponta. Até
os oito anos, Tistu não soube o que era “escola”,
mas graças às intervenções de Dona Mamãe, Tistu recebeu uma certa educação.
Fazia contas. Sabia ler. A letra “A” se instalou em sua cabeça na forma de um “Asno”,
depois de uma “Andorinha” e depois de uma “Águia”. O mesmo se seguiu com o
resto do alfabeto. Fazia cálculos de divisão. Sete andorinhas por dois fios...
Daria seis andorinhas para cada fio e meia andorinha para cada. Mas Dona Mamãe
e Senhor Papai, ao completar oito anos, resolveram matricular Tistu em uma
escola, onde não ficou.
No primeiro dia de aula, o
bolso de Tistu voltou cheio de zeros para casa, pois dormia com frequência no
meio da aula, mas não que fosse preguiçoso. O quadro negro, em sua imaginação,
cantava canções para ninar. Tistu fazia canções para resistir ao sono, mas não
adiantava. No segundo dia, ficou de
castigo por mais duas horas, isto é, dormiu por duas horas. No terceiro dia,
voltou para casa com este bilhete escrito pelo diretor:
SEU
FILHO NÃO É COMO TODO MUNDO. NÃO É POSSÍVEL CONSERVÁ-LO NA ESCOLA.
A escola devolvia Tistu a seus pais. Mas
Senhor Papai, após 24 horas de dor de cabeça, teve a ideia de ensinar Tistu na
prática! A primeira aula foi de botânica, para Tistu aprender lidar na terra.
Seu professor foi o senhor Bigode, defensor e responsável pelas plantas
(flores, óbvio) que cultivava. Tistu não
gostava muito de Bigode, pois era calado (só abria a boca para conversar com
uma flor, encorajando uma hortênsia a se tornar mais azul, ou dizer a uma
trepadeira para ser um pouco mais alta) e rabugento.
Depois que descobriu o seu
dedo verde, o que manteve em segredo com Bigode, Tistu foi a aula de Ordem com Sr.
Trovões. Trovões tinha esse nome pelo motivo de sua voz forte, possante. Para aprender
ordem, eles visitaram uma prisão. Tistu considerou a prisão que estavam visitando muito feia,
pelos prisioneiros com aquela roupa listrada, caminhando de um lado para o
outro, com aflição no rosto e embelezou o lugar com flores (seu dedo verde
contribuindo). Os prisioneiros não queriam mais sair dali pela beleza do lugar.
Os que eram maus esqueceram sua maldade e começaram apreciar as flores. Flores
que levariam um mês ou até um ano para florescerem, floresceram em minutos.
Havia girassóis, íris, trepadeiras e até violetas.
Em seguida, foi lhe ensinado o que era a
pobreza e logo, a doença, visitando uma vila e um hospital. Em ambos os
lugares, semeou, com seu dedo verde, flores para deixa-los mais alegres. Tistu
até salvou uma menina com deficiência física, pois ter um jardim a motivou a
andar e se curou.
Parecia que Mirapólvora
ficava mais alegre, mais bonita. Senhor Papai e Dona Mamãe não sabiam que Tistu
era responsável por tanta flor. Numa reunião, Senhor Papai mudou o nome da cidade
de Mirapólvora para Miraflores, pois a cidade agora era famosa pelas flores e
não mais pelos canhões.
Logo, porém, começou uma
guerra por um deserto, onde os Voulás e os Vaitimboras guerreavam por petróleo.
Tistu semeou flores nos canhões que seriam mandados para eles (apesar de Senhor
Papai e Senhor Trovões apoiarem os Voulás, metade dos canhões fabricados iriam
para os Vaitimboras, pois eram bons clientes, ou seja, Senhor Papai não estava
interessado se o lado justo ganhasse a guerra, mas interessado no dinheiro que
ele iria receber por todos esses canhões), na fábrica do Senhor Papai.
Quando Senhor Papai ficou
sabendo do feito de Tistu com os canhões, sua fábrica estava falida. Imagine,
tantos canhões com um monte de flores dentro! Tistu, no final, confessou para
seu pai o que ele fez, mas a Senhor Papai teve uma ideia: transformar sua
fábrica de canhões em uma fábrica de flores! Tistu era a fonte das flores da
fábrica de flores de Miraflores.
Depois de um ano, Senhor
Bigode morreu e, de tristeza e de esperança, Tistu construiu uma enorme escada
para ver se Bigode voltava do céu. Quando estava pronta, Tistu subiu, subiu,
subiu... E quando se deu por conta tinha morrido, criado asas e estava em frente
ao Senhor Bigode, com seus bigodes mais brancos e grandes do que nunca. Ginástico,
seu pônei roeu a relva, formando as seguintes palavras:
TISTU ERA UM ANJO!
Em minha opinião, todos
podem “plantar flores”. Todos podem ser “Tistus”. Praticando coisas boas, não jogando lixo no
chão, não discriminando, não maltratando os bichinhos... Não sei se você percebeu leitor (a), mas a
cada flor que Tistu plantava alguém ficava alegre. Para mim, esse foi o sentido
em que o autor quis dizer “plantar flores”.
Já a ideia do Senhor Papai de ensinar Tistu na
prática foi, por um lado bom, por um lado ruim, na minha visão.
Pelo
lado bom, na escola, aprendemos o aspecto teórico das coisas.
Raramente é feito alguma coisa na prática. Nós só aprendemos quando realizamos/testamos
o que aprendemos. Perceba também que Tistu aparenta ser um menino muito
criativo, mas, infelizmente, a escola não acolheu sua criatividade.
No
lado ruim, para aprender na prática, temos que saber o lado
teórico das coisas, também. Temos que saber o porquê de estarmos fazendo tal
coisa na prática. Uma coisa precisa estar equilibrada com a outra: prática e
teoria.
Enfim, a história que o
livro traz é muito bonita, emocionante e nos ensina muito, leitura essa que eu
aconselho a todos e todas.
Pessoal, agora que eu reli o texto, visualizei um errinho: no início, digo que daria seis andorinhas para cada fio. São TRÊS para cada e meia andorinha para os fios.
ResponderExcluirBeijos da Bia!
Obrigado!me ajudou bastante
ResponderExcluir;)
ResponderExcluirDe nada, Filipe!
Abs!