domingo, março 15, 2015

A infância vista a partir de Mais respeito, eu sou criança!

                    A infância vista a partir de Mais respeito, eu sou criança!
                         (Pedro Bandeira)
 Conheci essa obra devido à realização de um trabalho escolar e sou muito grata a Tatiana Bortolamedi, minha professora de língua portuguesa, por ter me apresentado esta belíssima obra.
Trata-se de um livro de poesias que tem como “assunto principal” os temas ligados a infância.
  Na poesia Mais respeito, eu sou criança, o autor fala sobre a visão adulta e a visão infantil do mundo. “Para que olhar por cima do muro, se é mais gostoso escalar”? Na poesia, os adultos preferem “olhar para uma pessoa e atrás dela ver o chão”, enquanto diz que a visão infantil fala que “as crianças veem o céu, veem muito, muito mais”. Isso nos dá uma perspectiva de que a visão adulta é limitada, fechada, sem outros horizontes a não ser daquele “quadradinho” em que estão. Já as crianças põem mais criatividade e imaginação na vida, em vez de “perder tempo engordando”, o que no meu entendimento o autor usou associando a uma espécie de sedentarismo da criatividade dos adultos que preferem ver o mundo da mesma forma que outros já viram, tendo medo de ousar e ver diferente.
Na poesia Grande ou pequeno, Pedro Bandeira escreva sobre as variações adultas ao falar com as crianças. Tem vezes que dizem que somos muito pequenos para ouvir\saber tal coisa, outras vezes dizem que somos grandes demais por fazer uma coisinha malfeita. “Afinal, quem eu sou? Sou grande demais ou pequeno demais?” Já vivenciei isso, pois meus pais, vez por outra comentavam:
_ Bianca! Que coisa mais feia! Isso é coisa que uma menina da sua idade faria?
Então me pergunto: o que uma menina de minha idade deve fazer? Sou grande ou pequena para quê?
Na poesia Não tenho medo de nada, o autor mostra que o personagem, como diz o título, não tem medo de nada, enumerando assim do que ele não tem medo. Porém, só é corajoso desse jeito no aconchego do colinho da mamãe. Também sou assim. Para enfrentar um “monstro dos esgotos” (barata) só mesmo quando meu pai está por perto. E quando é uma “invasora espacial de oito pernas” (aranha), só mesmo se minha mãe estiver junto. Também! Quem não se “sente em casa” quando os pais estão juntos?
Vai já para dentro, menino é uma poesia que retrata perfeitamente o dia-a-dia de várias crianças com seus “pais superprotetores”. Muitos pais nem deixam a criança se molhar com medo de que “peguem um resfriado” ou alguma coisa assim. Mas se a criança nunca se molhar, como aprenderá o que é chuva? Se não ir para fora de casa e sentir o Sol, como ela vai saber o que é se queimar? Como ela vai saber que a terra existe, se nunca se sujar? Tais coisas também se tornam mais difíceis em um mundo cada vez mais urbano e violento, onde as crianças não podem brincar livremente, mas, na maioria das vezes vivem trancadas em apartamentos brincando de “assistir TV”, jogar Playstation, Xbox, Minecraft...
O que eu vou ser quando crescer? Essa é a pergunta que os adultos mais gostam de fazer. Mas por que SÓ quando crescer é que eu vou ser tal coisa? Cada criança já É um monte de coisa sem a intromissão dos adultos. “Eu vou ser quem eu já sou nesse momento presente! Vou continuar sendo eu! Vou continuar sendo gente!” Será que já não somos nada? Será que só vamos ser quando crescer? Essa, sem dúvida, foi a pergunta que mais me irritou desde que eu era pequenina.
_Netinha querida! O que você vai ser quando crescer? Médica, advogada...
 Isso sem falar do apertão de bochecha grátis.
Quanto a’Os meus errinhos. Todos já erraram, mas especialmente os adultos gostam de nos criticar por isso. Eles também já erraram e todos necessitam errar. Errando e aprendendo. “Pais, professores, adultos também já erraram à vontade, já fizeram sujeira e borrão. Ou vai dizer que a borracha surgiu só nesta geração?”. Se até hoje os adultos cometeram seus erros, será que as crianças também não podem errar?
Quem sou eu? Afinal, quem sou eu? Sou a roupa que eu visto, ou o calçado que eu calço. Sou o brinquedo eletrônico, ou o boné mais caro. Gente grande nunca vai perder a mania de falar dos outros. Uma volta e meia no quarteirão e já se ouve falar:
_Fulana! Você viu o tênis horroroso do seu Filisbino? E aquele carrão estiloso do seu Pat A Ti?
Mas é aí que eu penso: eu sou o que visto, o que tenho ou sou eu, mesma?
Por fim, em Brancos e negros, a poesia retrata sobre a diversidade humana e a utilidade das cores brancas e das cores pretas. Música era preta, pois só existia discos pretos. Papel preto não tem graça. Para desenhar, tem que ser branco, mesmo. O leite é branco e o café, preto. Não existe café rosa, nem mesmo leite azul. Então a cor da pele da pessoa não faz diferença nenhuma. O que vale mesmo é o coração e os pensamentos das pessoas.

Lendo este livro, pude concluir que de fato todos esses temas das poesias que escolhi para aqui debater fazem parte da infância e deveriam ser mais conhecidos e refletidos, tanto por crianças quanto por adultos para que a infância fosse um período de liberdade criadora.

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