Poderes... Ilimitados?
Novamente, esta história começa numa
inocente caminhada, onde eu e minha mãe seguíamos caladas o nosso rumo. Eu,
conversadeira como sou, não gosto do clima carregado. Para quebrar o “gelo”,
inicio uma conversa que tem como inicial pergunta “quais poderes você queria
ter?”. Mamãe responde:
_Que tudo o que eu imaginasse fazer,
acontecesse.
A mesma pergunta que eu fiz voltou para
mim.
_Gostaria de poder aumentar e diminuir o
tamanho das coisas, para fazer mudança. Seria muito prático se, em vez de
caixotes de papelão, pudéssemos encolher os móveis e colocá-los numa simples
caixa de fósforos. Levaríamos as nossas “tranqueiras” no bolso. Chegando ao
local onde descarregaríamos, era só tirar da caixa, aumentar tudo de novo e
organizar. Se não quiséssemos fazer a mudança, era só encolher a casa. Quando
se viaja e queremos levar as bicicletas, é só encolhê-las. Mas, olhando pelo
lado ruim, meu poder seria muito desejado. Para contrabandear drogas, para
encolher os guardas de um banco, para depois assaltá-lo. Mas não é só esse
poder que eu queria ter. Queria controlar a água. A terra. O ar e o fogo.
Queria me transformar em animais bem grandes para poder pisotear as pessoas do
qual eu não gosto. Acabar com as guerras, dar fim em tudo isso.
_Mas você seria muito caçada, Bia.
Disse minha mãe, contra argumentando.
_Pois é. E você? Até agora esteve bem
quieta.
_Eu? Já te disse: conseguir o que quero.
_Mas assim você teria, digo, todos os
poderes do mundo! Se quisesse controlar a água, controlaria. Se quisesse mudar
de tamanho, mudaria.
_Não estou dizendo para esse tipo
de coisa. Se eu quisesse que você se acalmasse nas horas de briga, aconteceria.
Se eu quisesse passar num concurso público, passaria. Se quisesse que nos
mudássemos para Florianópolis, nos mudaríamos. Entendeu?
_Tudo bem. É o que você quer. Só que...
_O quê?
_Se fosse para nos mudarmos para
Florianópolis, eu te ajudaria com a mudança, tá?
E caímos na risada. Mais um tempo de
silêncio, desta vez quebrada pela minha mãe.
_Mas você não precisa de nenhum desses
poderes.
_Não?
_Não. Nem eu. O maior poder do mundo,
nós já temos.
_E qual é?
_O de sorrir. Lembra-se daquela vez que
você sorriu para a atendente do caixa e ela nos deu mais uma sacolinha?
_Safada! Eu cativei a mulher.
_Pois é. Você acha que, se você fizesse
uma cara de brava, com aquele beicinho impecável de reina que você faz, ela
iria se amolecer e ficar gentil?
_Não!
_Então, não precisaríamos ter poderes se
fôssemos gentis com todos e ajudássemos todos. Não é mesmo?
_É verdade. Então, o ser humano já
possui poderes?
_Já, filha. Só falta colocá-los em
prática!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Espere que seu comentário seja moderado para poder vê-lo postado.
Obrigada por compartilhar sua opinião!