Um
xeque-mate contra o preconceito
Em uma terra muito estranha,
na encosta da Alemanha, bem perto da Grã- Betanha, viviam dois povos. A terra
dividida por eles, como disse, era muito estranha, pois o chão era feito de
quadriculados pretos e brancos.
As duas terras se chamavam Anintaka e
Resistêncius. Na terra de Anintaka, vivia um povoado branco e muito feliz, mas
muito racista, tanto que , quando viam um negro, o expulsavam a pedradas ou o
capturavam e o afogavam no rio. Já Resistêncius, como diz o nome, era para a
resistência dos povos negros, que não aceitavam serem discriminados daquela
maneira.
Anintaka era governada por um rei e uma
rainha, muito ambiciosos e muito cheios de si. Resistêncius, governado também
por um rei e uma rainha, lutavam para combater o racismo e não se importavam
tanto com bens materiais, pois achavam de que o que precisavam mesmo era a
união, a felicidade e o amor. Só havia uma coisa em comum entre os reis: cada
um se achava muito esperto e inteligente, tanto que travavam batalhas de
matemática. É daí que surgiu a multiplicação, a adição, a subtração, a divisão
e a fração, tudo criado pelos reis.
Porém, um dia, o rei negro desconfiou de que o
rei branco o trapaceara num jogo chamado Monopoly, pois o rei negro quis
comprar Copacabana e o rei branco escondeu sua carta do título de posse, sem
contar que roubava do banco toda vez que o rei negro ia ao banheiro ou se
distraía um pouco. Por isso, o rei negro mandou chamar quatro de seus peões
para ir investigar o rei branco, apenas para ver se comprovava a trapaça. Caso
comprovasse, seria proposto ao rei branco um enorme desafio ou iria
simplesmente o açoitar nu na praça central de Anintaka, aos olhos de todos. Mas
ainda não estava decidido, apesar de sua preferência pela segunda opção.
No dia seguinte, apenas três peões chorosos
voltaram da missão. A rainha negra mal conseguiu se conter em seu aposento e
foi ao encontro dos peões, cada um mais triste que o outro. Ainda soluçando,
contaram à rainha o que acontecera: o peão mais corajoso do grupo fora
capturado e foi submetido a uma execução sangrenta na praça central de
Anintaka. A rainha negra ficou chocada e triste, pois cedeu ao peão capturado o
seu cavalo mais veloz e o mais adorado em Resistêncius. O rei negro, por sua
vez, quis saber se o rei branco comentou com alguém a sua trapaça no jogo
Monopoly. O peão mais baixinho respondeu que ouvira o rei branco comentar com a
rainha branca a sua esperteza no jogo, dizendo que “passara a perna” no rei
negro. O rei negro ficou furioso, pois não queria que o rei branco comentasse
com ninguém a sua derrota. Achou também uma injustiça o rei branco não ter
falado com a rainha branca, sua esposa, como derrotou o rei negro, como
trapaceou.
Enquanto o rei negro bufava de raiva, a rainha
negra tentava acalmar os peões, pois os mesmos ainda choravam e soluçavam a
valer.
Enquanto isso, no castelo do rei branco, em
Anintaka, a rainha branca derramava lágrimas de alegria pela vitória de seu
marido, pois ele contara a ela que o rei negro apostou que quem ganhasse o jogo
seria a pessoa mais esperta dos dois povoados. Ouvindo isso, a rainha branca
deu pulos de alegria e mandou os bispos brancos de Anintaka fazer uma missa em
homenagem ao rei branco. Também pediu aos seus seis peões brancos para
enfeitarem as duas torres brancas do reino com os mais finos tecidos. Mandou
seus dois peões brancos montarem nos seus dois cavalos e entregarem convites
para o povo de Anintaka para uma festa bem animada em seu palácio, tudo em
homenagem ao rei branco. Também, depois da festa, para encerramento, pediu para
o rei branco açoitar o peão negro capturado e, por fim, executá-lo. Porém, essa
festa não duraria muito. O rei negro, sabendo da festa da “vitória” do rei
branco e também da mentira da aposta, planejou que ele, a rainha negra, seus
sete peões, os dois bispos e seu cavalo fariam uma emboscada ao rei branco,
forçando-o a devolver seu peão negro e também obrigando a dizer a verdade sobre
o jogo. O rei negro também encarregou três de seus peões para colocarem
explosivos no chão quadriculado preto, e para sua corte não explodir, fez com
que as bombas só explodissem quando alguém da corte branca pisasse. Pronta a
emboscada, se prepararam para viajar da corte de Resistêncius para Anintaka.
Chegando lá, cada um tomou seus postos o mais rápido possível, pois perceberam
que já estava quase na hora da execução. Conseguiram salvar o pobre peão na última
hora, pois quase o rei branco desceu o machado no coitado. Mas o rei branco não
se deu por vencido, convocando seus peões, bispos, e seus três cavalos (contando
com o roubado) para a guerra. Foi muita luta, mas felizmente ninguém morreu.
Enquanto os dois povoados brigavam, o rei
negro e o rei branco travavam sua própria batalha. No decorrer da mesma, o rei
branco caiu num quadriculado preto e estava prestes a explodir, mas a rainha
negra sentiu pena do rei branco e o salvou do explosivo. O rei negro ficou
muito bravo, mas a rainha negra teve uma conversa com ele e, no fim, o rei
negro decidiu poupar a vida do rei branco, pois ele viu que brigar por um peão
e um cavalo não era motivo suficiente para uma guerra daquelas. O rei branco se
deu por vencido e disse a verdade sobre o jogo para o povo de Anintaka. O povo
de Resistêncius e de Anintaka fizeram as pazes e as pessoas de Anintaka
prometeram não fazer mais mal nem discriminar os negros nem a qualquer povo,
indiferentemente de suas crenças, religiões, características físicas, classe
social e condição de vida.
Obs.:
Esta
história é de minha autoria e, como anuncia o título, foi inspirada nas regras
do jogo de xadrez, do qual gosto muito. Inclusive, ganhei competições, sendo
que tenho duas medalhas que conquistei quando estudava no Colégio IMA, de Rio
do Sul em 2012 e 2013.
Bianca, parabéns pelo teu texto, é muito criativo. Além disso, traz uma bela lição de vida. Que bom que reconheces e compreendes que somos todos iguais, independente de cor, raça ou religião. Abraços.
ResponderExcluirQuerida professora Bruna!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo elogio! É sempre bom ter a sugestão/ideia de alguém como você.
Beijos!!!!!!!!!!