Um
espaço pequeno para uma grande criatividade
Era uma vez uma caneta. Toda decorada com
seu livrinho preferido, o d’O Pequeno Príncipe, vivia comparando sua vida de
caneta com o do seu Príncipe “encantado”. Enquanto seu amado vivia aventuras,
ela gostava de escrevê-las. Conseguia parar de pé depois de muito esforço,
motivo de sua paralisia nas pernas, e depois arranhava carinhosamente o papel,
procurando formar letras, palavras, frases, parágrafos e por fim, textos.
Ficava muito aliviada quando pulava pela última vez e marcava o ponto que
finalizava o texto, e imaginava-se pulando amarelinha quando usava a
reticências. O papel reclamava um pouquinho, mas depois que a dor passava se
orgulhava de si mesmo por ser uma fonte cultural. A caneta, é claro, usava e
abusava de sua criatividade. No seu mundo, o Pequeno Príncipe morava num
planeta bem pequenino, como a ponta de uma caneta. Em vez de viajar em cometa, sua
descoberta do universo (ou será multiverso?) acontecia numa caneta veloz
quentinha igual a cobertor para dias frios e geladinho como água em dias quentes.
Os planetas bons agradeciam o principezinho dando-lhe livros, o que o ajudava
há passar o tempo. Os maus planetas o rabiscavam inteiro. Mas ele sempre
escapava sem uma mancha de tinta.
Em seu pequeno planeta, K Neta 612 , havia
três canetas-vulcões que expeliam tinta toda vez que fossem perturbadas. Porém,
o Pequeno Príncipe as cuidava com um carinho imensurável, e suas explosões de
tinta, agora, eram mínimas. Possuía um castelo literário, composto de livros e
canetas, tanto para ler quanto para escrever. Também o limpava com amor, pois
sabia que poderia juntar traças, pesadelo de seus livros. Mas o seu maior amor
era uma caneta vermelha com pétalas cor de rosa que decoravam seu fim. Brotava
da terra com esplendor, criava uns espinhos aqui e ali, mas tudo para se
proteger, sempre com uma voltinha aqui e ali, o que a deixava ainda mais
bela. O Pequeno Principezinho nunca
interferiu no ciclo da caneta-flor. Apenas cuidou para que crescesse bonita e
saudável, hidratando-a em dias quentes e aquecendo-a quando fazia frio. Assim,
cresceria graciosa e esbelta, com corpo magro e força de elefante, delicadeza
de colibri e inteligência de um felino.
A caneta usava e abusava de suas ideias,
buscando cada vez mais o novo, cada vez mais o inesperado. Um dia, maldito seja
aquele dia, a caneta, que buscava aventura, meteu-se dentro de um saquinho. Não
conseguia sair, até que o papel, dolorido e machucado de tanto ser arranhado, a
ajudasse. Rendeu-lhe mais uma aventura. Quando deu uma pirueta pela última vez
no papel, sentiu-se igualada ao seu ídolo: afinal, o Pequeno Príncipe vivia num
espaço apertado, e a caneta provou que até quando encontramo-nos em apuros, é
possível exercitarmos a criatividade, mesmo que a mesma esteja em um espaço
apertado...
Olá Bianca, hoje tirei um pouquinho dos meus afazeres para ler alguns textos no teu blog. Parabéns pelo teu texto que nos remete ao mundo do Pequeno Principe do sonho e da criatividade. Beijocas aqui de Portugal.
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