Manifesto em Florianópolis
Primeiramente, FORA TEMER. Anteontem era dia de paralisação
no Brasil, o #BrasilEmGreve. Segundo algumas fontes, foi a maior paralisação
que aconteceu no Brasil em 30 anos, e eu tive o prazer de participar dela da
capital de SC. Quer saber como foi? Acompanhe-me...
Anteontem amanheceu frio, mas nosso espírito no turno da tarde
estava pra lá de quente. Sempre que vamos nos exercitar é um calorão...
Alongamo-nos e partimos para uma caminhada que acabaria numa árvore muito boa
de subir. Voltamos para casa, e o assunto da greve já estava em nossas línguas
e mentes, já que tínhamos lido em muitos lugares como no http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/.
Minha mãe, sedenta por uma boa “treta”, já estava com o pé que é um leque para
participar do movimento. Pudera, com tantas injustiças que correm soltas nesse
país, não tem como ficar satisfeito e quietinho no seu canto... A não ser que a
pessoa seja conformista, aí eu entendo. Mas mamãe não era a única que queria
participar, pois foi apoiada por papai e por mim. Só que eu não achei que
estivéssemos mesmo falando a sério, já que os últimos movimentos dessa natureza aqui na capital foram violentamente reprimidos pela polícia militar e tínhamos algum receio de que isso novamente viesse a ocorrer...
Mas estávamos. Assim que voltamos do exercício e ouvimos
aqueles gritos (como se um batalhão estivesse gritando em uníssono) mamãe pirou
e disse que queria ir. Papai pensou, pensou e decidiu que realmente valia a
pena irmos a algo que realmente representasse nosso modo de pensar.
Arrumamo-nos às pressas e corremos para o protesto, que passava fazendo
estardalhaço pela Beira-Mar. Chegando, tratamos de entrar na pista em que os
protestantes caminhavam. Uma mulher, de um apartamento desses caros, jogou a
bandeira do Brasil pra fora da janela, provavelmente querendo “ordem e
progresso”. A coitada foi tão vaiada que, acho, jamais terá coragem de dizer a
palavra “bandeira” na vida.
No início do protesto eu estava um pouco tímida. Não entendia
patavinas do que eles cantavam e clamavam com tanto prazer. Fiquei muito
desconfortável. Mamãe, louca por revoluções, já cantava junto e levantava a mão
sempre que berravam “Fora Temer”. Papai, um pouco desajeitado (assim como eu),
berrava junto e apoiava mamãe. Eu não gostei muito no início... Sabia as causas
do protesto, de tanta sede de revolução, mas não estava me sentindo à vontade
no meio de uma multidão de gente que eu não conhecia. Mas os apoiava, então não
poderiam ser tããão desconhecidos assim. Mas isso foi só no fim, pois logo
encontramos meu professor de Ciências que nos cumprimentou e disse-nos para
prestarmos atenção nas camisas verdes (cor do uniforme da escola). Foi muito
bacana tê-lo visto, pois vi que essa luta é de todos e que eu fazia parte dela
também, então qual era o sentido de eu não estar gostando? Nenhum! A partir
daí, tive uma voz mais ativa, menos tímida, e acho que é essa atitude que
devemos ter perante a um governo ilegítimo e injusto como esse que temos hoje.
Termos consciência de que seremos afetados, de que a única solução é a
revolução, é não aceitarmos.
Seguimos na marcha, gritando para os que estavam parados,
apenas olhando como se nos dissessem “vocês estão bem”, “VOCÊS AÍ PARADOS,
TAMBÉM SÃO EXPLORADOS”. O mais legal dessa parte é que a caminhada estava
crescendo. Cada vez mais. Meu ódio por tudo o que estava acontecendo também.
Saber que não me aposentaria. Que, quando eu estivesse no Ensino Médio, seria
ensinada a obedecer e não a pensar. Que praticamente estão queimando os
direitos dos cidadãos, e colocando cada vez mais empecilhos para conseguirmos
uma vida mais justa. Vimos muitos policiais, prontos para brigarem. Não gosto
de policiais. Pareciam querer bater em alguém, talvez naqueles que usavam capuz
preto, impedindo que sua cara seja vista (duvido que fosse para esconder a
feiura), podia ser aquelas tiazinhas que queriam zoeira, poderia ser eu e meus
pais. Achamos os camisas-verdes: meus professores! Português, Geografia, Artes.
Sinceramente, um protesto contra tudo seria uma ótima aula interdisciplinar...
Já era tarde quando decidimos ir embora. O carro que
comandava o protesto decidira seguir pela Mauro Ramos, e papai supôs que era
melhor voltarmos embora, tanto pelos pés que doíam quanto pela fome que batia,
afora que supusemos que daria muita treta fora da Beira-Mar (afinal, tanto os
manifestantes quanto os policias não iriam querer fazer feio na Beira-Mar, na
frente dos riquinhos, não é? Muito preferível agredir as pessoas quando não é
numa rua movimentada e/ou chique). Fomos voltando e conversando. Quanto mais me distanciava
da manifestação, mais minha adrenalina e vontade de voltar subiam. Oras, eu
também queria brigar por uma certeza minha, algo que eu acreditava estar certo.
Deve ser normal alguém querer defender o que acredita, os próprios direitos (um
a um eliminados, facilitando a vida dos que a levam pisando em cima da vida dos
outros).
Chegamos em casa e minha vontade de socar algo estava forte.
Mas não quebrei nada não, pelo contrário, pensei mais em escrever algo. O papel
aceita tudo, e escrever me acalma. Ajudei no que pude nas tarefas domésticas e
comecei um tipo de “diário de protesto”, relatando o que havia acontecido e
minha indignação com esse governo porco que comanda o Brasil hoje.
Pode ser esquisito para você, leitor (a), me ouvir
falando/escrevendo sobre isso. A maior parte das pessoas pensa que política é
coisa de adulto, e espero que você não seja uma delas. Política e direitos é
coisa de todo mundo, que todos devem conhecer. Afinal, tudo o que dizemos é
política. Estamos dominados por ela. Temos que ter consciência dos nossos
direitos (hoje, riscados pouco a pouco), do nosso governo, do quão injusto (e
machista) ele é. As mulheres não ficam de fora do seu governo, Temer? O
importante é termos um ministério de beleza, recato e lar para elas, né? Acha
que todo mundo vai aceitar isso? Uma parte pode aceitar, mas a outra vai lhe
dar muita dor de cabeça. Assim como um dos gritos de guerra dos protestantes: “NÃO
TEM ARREGO! TU TIRAS MEUS DIREITOS, EU TIRO TEU SOSSEGO”. Não será diferente.
Como uma das afetadas, posso prometer que vou incomodar muito, por tudo isso
que está sendo tirado de nós: voz, direito, aposentadoria. Eu não vou trabalhar
como louca para me aposentar aos 70 e poucos anos, não.
Sei que já não chego
mais lá, e não vou perder meu tempo com isso. Vou fazer o que fiz nesse dia.
Vou incomodar, e farei minha voz chegar ao Distrito Federal nem que seja a última
coisa que eu faça.
E você? Sabe de tantas injustiças também? Não concorda? Está
calado? Com medo? Hora de ter voz. Liberte-a e grite. Junte-se ao Brasil em
Greve, aumente o manifesto. Ajude a voz a chegar nos ouvidos de quem não está
nem aí para isso, os responsáveis por tanta perda. Ajude a refrear essa incrível
injustiça. Ajude a resgatar os nossos, o SEU direito.
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