Viagem
ao “centro da Terra”...
Uma viagem para Brusque e Botuverá, visitando
um Zoo Botânico, conhecendo um Centro Astronômico, vendo uma cachoeira e
babando pela Caverna de Botuverá, considerada uma das cavernas mais importantes
do Sul do Brasil. Essa foi uma de minhas excursões do colégio onde estudo, que
tive de usar muito poder de persuasão para convencer papai de assinar minha
autorização e dar-me dinheiro para cobrir o valor da passagem (R$106,00). Mas
tenho certeza de que cada real desse valor compensou, e muito, minha longa
viagem.
A saída aconteceu no colégio, às 07h30min,
onde vi vários dos meus colegas. A maioria levava consigo uma mochila, e
arrependi-me de levar uma espécie de mala pasta. Ela continha tudo o que eu
achava que precisaria para a viagem: duas garrafas d’água, minha bolsinha com
dinheiro para despesas pessoais, uma banana para comer na viagem, minha
pastinha para anotações, canetas minha fiel lapiseira. Isso sem contar o que
levei para distração, dois livros para o caso da viagem estar muito chata.
A viagem passou longe de ser “chata”. No
banco da van, sentei com uma amiga minha, onde conversamos sobre provas,
músicas, gostos. Ouvimos algumas músicas, rimos e ouvimos o que outros falavam.
Logo comecei a ficar sonolenta, pois a chuva açoitava os vidros da van e
lembrava a minha cama quentinha... Mas a fome (e o barulho) me impedia de
dormir. Logo chegamos a Brusque, no Centro Astronômico. Tivemos uma palestra
sobre os astros com o astrônomo Silvino, vimos estrelas, imagens de supernovas,
estrelas nascendo...
A prática, céus! Céus, mesmo, vimos um
telescópio gigantesco, num observador com telescópio, teto que gira a 360º...
Foi muito impressionante ver aquilo de perto. Parecia que nós estávamos
girando, não o teto! Enfim, depois disso, fomos liberados, todos com fome e
cansados.
Com fome, meu primeiro pensamento foi
sacrificar a ida ao Zoo e ir ao restaurante. Mas, como havia outras pessoas que
queriam ir ver os animais, outras queriam comer, e o nosso professor que acompanharia
a viagem fez uma votação, indo pela minha opinião.
Ele me deu duas opções: ir rapidinho no Zoo
para ver os animais e plantas ou não ir ao Zoo, não conhecer animais e plantas
e ir direto ao restaurante. Claro, optei pela primeira opção, apesar de parecer
que meu estômago dava murros nas minhas costelas em protesto. Comi minha banana
para enganá-lo, mas estômago não se adianta enganar. Pelo menos eu o esqueceria.
Chegando ao Zoo, quase não pudemos entrar.
Como a chuva havia nos atrasado, obviamente que chegamos depois da hora marcada
ao Zoo. A moça que nos acompanharia havia marcado outro compromisso, e disse
que poderíamos ter avisado, que adiantaria as coisas para ela, etc. Mas, no
fim, cedeu. Poderíamos entrar, mas ela não poderia nos acompanhar. Foi outro
professor que nos guiou pelo caminho.
Começamos a ver os animais, entre eles, aves,
saguis, raposas, araras, gatos, pumas, onças, gralhas, jabutis, caracarás,
papagaios, emas, porcos, tucanos, cobras, lagartos, enfim, um monte mesmo. E,
céus! Vi o animal que mais me interessava, o que acho mais belo, fofo,
gracioso: a onça! Parecia uma dama quando andava, perfeita, leve, sofisticada!
Logo
após, fomos ao restaurante. A comida tinha um cheirinho bom, tanta coisa boa que
dava até pena de comer. Mas meu estômago roncando não me dava tempo para
isso... Devorei tudo, e comprei de sobremesa um picolé simples de coco.
Conversei com minhas amigas e fui ao banheiro (afinal, nossa van não tinha
banheiro, então, era bom prevenir-se). Depois de uma meia hora, embarcamos
novamente na van, rumo a Botuverá para a Caverna. Tentei dormir para reservar
minhas energias para a Caverna, mas quem disse que eu consegui? O barulho de
música, risada, fofoca, conversa e grito foi tanta que sequer consegui pregar
os olhos. Demorou, mas chegamos a Botuverá.
Para
chegarmos na Caverna, assistimos a um pequeno vídeo sobre a mesma e os cuidados
que se deve ter ao entrar nela, bem como algumas curiosidades sobre. Você sabia
que para uma estalactite\estalagmite crescer apenas 10cm² é necessário 100
anos? É muito tempo. Por isso, temos que preservar bem as cavernas, pois não
vamos vê-la outra vez daqui a cem anos.
Entrando na caverna, perdi o fôlego e,
realmente, quase caí. No teto, estalactites pendiam como se fossem delicados
lustres verticais. Do chão, estalagmites cresciam como se fossem árvores,
porém, menores. Eu estava na sala do Órgão, a maior e mais bela das salas, na
minha opinião. Andando mais um pouco, entramos na sala da Geleira, onde nosso
guia desligou todas as luzes e pediu para nosso grupo fazer silêncio. Foi
assustador. Logo, chegamos na última sala: a da Catedral, bela e imponente. O
guia nos contou que havia outras três salas, mas para o uso da fauna que ali
vivia. Foi o dia mais impressionante e delicado da minha vida...
Voltamos.
Esse foi o pior momento. Sair de um paraíso de cavernas e voltar para minha vida
monótona e repetitiva de sempre. Mas voltei, minhas memórias não. Nunca
voltarão. Tenho um pedaço de mim em cada canto que visitei, levo um pouco dos
outros, deixo um pedaço de mim. Amo cada lugar de um jeito único, vivo cada dia
como se não houvesse amanhã, e mesmo sabendo que o amanhã exista, aproveito bem
o dia. Afinal, o ser humano é fruto de suas experiências. Boas e ruins. Porque,
afinal, a vida não é um mar de rosas...
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